Sérgio Camargo diz que foi livramento perder amigos por apoiar Bolsonaro
O presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, disse que amigos e familiares se afastaram e “deram as costas” porque ele “apoia e acredita” no presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Camargo considerou como “livramento” a rejeição de pessoas próximas devido aos seus posicionamentos políticos.
Perdi muitos amigos, ex-colegas de redação e alguns familiares me deram as costas porque apoio e acredito em Jair Bolsonaro. Se estou chateado? Tudo livramento! Sérgio Camargo.
A declaração de Camargo acontece em um momento de avanço das tensões entre os três Poderes gerada por ataques contra as instituições feitas por bolsonaristas e pelo próprio presidente.
Em apoio ao que declara Bolsonaro, Camargo se define como “negro de direita, antivitimista, inimigo do politicamente correto e livre” e em diversos momentos se posicionou contra a promoção da cultura afro-brasileira — ainda que esse seja o foco da Fundação Palmares.
Organizações do movimento negro brasileiro chegaram a acionar a ONU (Organização das Nações Unidas) para denunciar Camargo pela violação dos direitos humanos. A ação inédita ocorreu no final de julho deste ano.
O apelo enviado foi assinado pela Coalizão Negra por Direitos, entidade que reúne 200 grupos e coletivos negros para promover ações conjuntas de incidência política nacional e internacional.
Procurado pela reportagem do UOL na altura, Camargo não respondeu aos questionamentos sobre o assunto. Em uma de suas falas, Camargo chegou a dizer que o movimento negro é uma “escória maldita formada por vagabundos”.
Em outros momentos, abordou o legado de figuras da cultura afro-brasileira como Zumbi dos Palmares, a quem chamou de “falso herói”.
Ações como essa, segundo o relatório enviado à ONU, configuram o esvaziamento do histórico de lutas e contribuições dos movimentos negros na construção da sociedade brasileira
“Sigo firme e forte”
Após a publicação desta matéria, Camargo voltou a usar as redes sociais para se manifestar sobre o afastamento de amigos e familiares por conta dos seus posicionamentos políticos.
Na visão do presidente da Fundação Palmares, o afastamento dessas pessoas não foi “um preço a pagar”, mas um “grande ganho”.
“Sigo firme e forte”, escreveu Camargo.