Som de explosão registrado em Campos do Jordão não gerou tremor de terra, diz USP

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A principal hipótese é que o barulho tenha sido causado por um avião do tipo caça

Moradores de Campos do Jordão afirmam ter ouvido o som de uma explosão na manhã desta quinta-feira (27). Apesar do susto, ninguém sabe afirmar com precisão o que causou o estrondo que, segundo relatos de munícipes, fez a chão tremer. Mesmo sem explicação plausível, várias hipóteses foram comentadas nas redes sociais.

Nas redes sociais, moradores levantaram a hipótese de que alguma construção poderia ter desabado ou algum deslizamento de terra. Porém, o Corpo de Bombeiros informou que não atendeu nenhuma ocorrência que possa ter relação com a explosão.

Outra hipótese ventilada pelos moradores foi a de que um avião do tipo caça da FAB (Força Aérea Brasileira) possa ter rompido a barreira do som e gerado tanto o som quando o tremor de terra. A FAB foi questionada, mas não respondeu se havia alguma aeronave sobrevoando a região na manhã de quinta-feira.

Já a Defesa Civil, que recebeu denúncias da explosão e do tremor de terra, também não identificou a causa do barulho, mas acionou o Centro de Sismologia da USP (Universidade de São Paulo). O órgão também não registrou nenhum tremor de terra na cidade.

O sismólogo Bruno Collaço do Centro de Sismologia da USP afirmou que, pelas características passadas pela Defesa Civil, é plausível que o som tenha sido causado por uma aeronave.

“Não registramos nada que pudesse ser associado a um tremor de terra. Conforme as informações que recebi da Defesa Civil, parece mesmo que o que as pessoas sentiram tenha sido causado por um avião”, afirmou Collaço.

O sismólogo ainda contou que aviões podem sim gerar som de explosão e tremores. “De vez em quando, até mesmo o sinal dos aviões quebrando a barreira do som pode ser registrado pelos sismógrafos, mas não foi o caso”, disse.

O Centro de Sismologia da USP tem registros sobre abalos sísmicos desde 1900 e nenhum deles foi registrado em Campos do Jordão. Foram 26 tremores de terra relatados pelo instituto, mas todos sem gravidade. Confira a data de cada um deles.

14/9/19 – Guaratinguetá

2/8/19 – Potim

21/12/18 – Arapeí

6/11/17 – Paraibuna

19/4/17 – Arapeí

30/6/16 – Potim

8/6/16 – Cunha

17/1/16 – Arapeí

4/6/14 – Bananal

2/6/14 – Paraibuna

7/5/14 – Jambeiro

23/5/13 – Natividade da Serra

3/2/13 – Bananal

21/4/12 – Paraibuna

21/2/12 – Natividade da Serra

7/9/09 – Paraibuna

22/8/97 – São Francisco Xavier

1/9/90 – Igaratá

5/7/89 – Paraibuna

3/2/89 – Paraibuna

17/12/85 – Igaratá

19/10/79 – Paraibuna

16/11/77 – Paraibuna

4/11/77 – Paraibuna

2/11/77 – Paraibuna

23/3/67 – Cunha

Pela quantidade dos registros de abalos no Vale do Paraíba e intensidade, o sismólogo afirmou que não da para afirmar as causas com precisão, mas apontou hipóteses.

“Sobre os tremores históricos ocorridos no Vale do Paraíba, não dá pra dizer exatamente quais são as causas sem um estudo mais detalhado e equipamentos mais próximos da cidade. Contudo, a grande maioria dos sismos no Brasil ocorrem devido às forças de compressão que a crosta terrestre sofre pelo movimento das placas da África (Atlântico) e a placa de Nazca (Pacífico). As rochas sob o Brasil são “apertadas” constantemente e em algum momento não suportam os esforços e rompem, gerando as ondas que as pessoas sentem eventualmente”, afirmou.

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