Governo Lula de olho nos passos de Trump sobre tarifas impostas
O governo brasileiro está acompanhando de perto as tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos importados do México e do Canadá, bem como a sobretaxa sobre as compras chinesas. Embora a medida não afete diretamente o Brasil, essas movimentações podem abrir oportunidades de negócios para produtos brasileiros. No entanto, a ofensiva protecionista do governo de Donald Trump gera preocupações sobre possíveis tarifas que poderiam impactar o Brasil, como as sobre aço e alumínio.
Após um mês de suspensão para negociação de um acordo, as tarifas gerais de 25% dos EUA sobre as importações do México e do Canadá, e o aumento da taxa sobre as compras chinesas de 10% para 20%, entraram em vigor nesta terça-feira. Em resposta, China e Canadá já retaliaram os bens dos Estados Unidos, enquanto o México anunciou que divulgará novas tarifas no próximo domingo.
Pequim afirmou que implementará tarifas adicionais de 15% sobre as importações dos EUA de frango, trigo, milho e algodão, além de uma taxa extra de 10% sobre sorgo, soja, carne suína, carne bovina, produtos aquáticos, frutas, vegetais e laticínios. O Canadá, por sua vez, disse que taxará 25% sobre um total de US$ 107 bilhões em produtos dos Estados Unidos, começando imediatamente com tarifas sobre US$ 21 bilhões.
Essa movimentação pode abrir mais espaço para os produtos brasileiros, especialmente commodities, no mercado global. Técnicos do governo reconhecem que podem surgir oportunidades, mas argumentam que ainda não é possível prever com precisão as implicações da ofensiva de Trump contra China, Canadá e México sobre o Brasil.
Segundo interlocutores do Itamaraty, é necessário mais tempo para avaliar o efeito da medida e a movimentação das peças no comércio global. O governo brasileiro, contudo, está atento ao assunto. A confirmação das tarifas prometidas por Trump sinaliza que o republicano vai além das ameaças para alcançar seus objetivos.
Nesse sentido, há preocupação no Brasil em relação à tarifa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio, medida que Trump anunciou em fevereiro. A promessa é que entre em vigor no próximo dia 12. Em 2024, o Brasil foi o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, em volume, atrás apenas do Canadá.
Trump também prometeu aplicar tarifas de importação sobre produtos agrícolas no dia 2 de abril e adotar o critério de reciprocidade, igualando a cobrança das taxas cobradas pelos países sobre os bens fabricados nos EUA.
O governo brasileiro está buscando uma aproximação com a administração de Trump. O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Comércio e Indústria, Geraldo Alckmin, solicitou uma conversa com sua contraparte nos EUA, o secretário de Comércio, Howard Lutnick. Inicialmente prevista para a sexta passada, o encontro virtual deve acontecer nos próximos dias, mas ainda não tem data e horário marcados.
