Tarifaço de Trump sobre aço e alumínio brasileiro entram em vigor hoje; veja os impactos
Entraram em vigor nesta quarta-feira as tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio anunciadas pelo presidente Donald Trump no mês passado. A medida afeta produtos de diversos países, incluindo o Brasil, um dos mais impactados pela política do republicano. Especialistas temem que as taxas desacelerem as exportações para os EUA.
Na semana passada, representantes do governo Lula se reuniram com a equipe de Trump para pedir o adiamento da taxação do aço e do alumínio brasileiros, buscando mais tempo para negociar um acordo e evitar prejuízos às exportações brasileiras.
O adiamento solicitado seria de pelo menos um mês, segundo fontes do governo e do setor privado. Até o momento, não há informações sobre a aceitação do pedido pelo governo americano. Reuniões bilaterais técnicas estavam previstas para esta semana.
O Brasil está entre os três maiores fornecedores de aço para os EUA. O governo federal argumenta que as exportações de produtos siderúrgicos não prejudicam as indústrias americanas. Pelo contrário, o aço brasileiro é matéria-prima e a tarifa de 25% aumentará os custos das empresas dos EUA, segundo as autoridades.
José Augusto de Castro, presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), afirmou que as tarifas são “altíssimas e sem embasamento técnico”. Embora o governo americano ainda não tenha anunciado o início da medida, Castro acredita que as taxas desacelerarão as exportações para os EUA.
Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil e sócio da consultoria Barral M Jorge, também afirmou que a tarifa de 25% tornará “mais complicado” para a indústria siderúrgica brasileira exportar para os EUA.
Na semana passada, o vice-presidente Geraldo Alckmin, em nome do governo Lula, fez um apelo para adiar a taxação do aço e do alumínio brasileiros, mas não foi atendido. Na prática, a medida de Trump revoga o entendimento firmado em 2018, que estabeleceu cotas para a exportação de aço brasileiro para os EUA.
Segundo o Instituto Aço Brasil, as cotas permitiam ao Brasil exportar até 3,5 milhões de toneladas de placas e semiacabados e 687 mil toneladas de laminados para o mercado americano sem a tarifa adicional. Em 2024, os EUA importaram 5,6 milhões de toneladas, sendo 3,4 milhões do Brasil, resultando em US$ 5,7 bilhões em divisas para o Brasil.
No caso do alumínio, a exportação brasileira para os EUA é menor, mas significativa. Em 2024, o país exportou US$ 267 milhões em alumínio para os EUA, representando quase 17% de toda a produção destinada ao exterior.
