Ações da Americanas afundam 77% e vão a leilão na Bovespa, após descoberta de rombo de 20 bilhões
Após a notícia de inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões na Americanas, a negociação de ações da empresa foi paralisada no início desta manhã na bolsa de valores. As ordens de compra e venda do papel apresentam um valor próximo a R$ 3, uma desvalorização de 76% do preço de fechamento de ontem, R$ 12.
Os ativos estavam previstos para iniciar sua comercialização somente às 11h da manhã e em formato de leilão, de modo a evitar a volatilidade das ações. A B3 liberou um limite de baixa de até 99% para o papel nesta sessão de quinta-feira (12), representando a expectativa dos investidores.
Por volta de 14h05, as ações voltaram a ser negociadas, mas foram colocadas em leilão novamente. Ainda assim, ao fim do pregão, a queda exata foi de 77,33%. Segundo Einar Rivero, da TradeMap, essa foi a maior queda diária de uma empresa de capital aberto na bolsa brasileira desde 2008.
Durante esta modalidade de negociação, a compra e venda de ações só acontece quando há o casamento de valores. Ou seja, diferentemente da negociação normal em que um pedido de compra pode ser executado por um valor menor se houver vendedores dispostos, no leilão é necessário que o preço de compra e venda sejam iguais para que a transação ocorra.
Isto serve como forma de diminuir a volatilidade do preço, que em casos especiais como o de hoje, podem apresentar grande variação. O costume é que a modalidade seja interrompida após um tempo, quando a B3 acredita que o valor do papel tenha atingido uma certa estabilidade.
Para Heitor De Nicola, especialista de Renda Variável e sócio da Acqua Vero Investimentos, ainda é muito cedo para dizer o que pode vir a acontecer com a empresa, “mas ainda assim o caso é muito sensível e as ações devem sofrer bastante no curto prazo.”
“É uma falha de confiabilidade e pode acabar virando uma bola de neve mais para frente. Todavia, é muito cedo para falar, o próprio comitê da companhia vai avaliar de onde tudo isso veio”, afirmou.
“Além disso, o sinal que o Sergio Rial deu ao pedir para sair da presidência é muito negativo para o mercado e essa inconsistência pode ser um erro de norma contábil ou uma fraude a ser descoberta. É um caso muito sensível e pode respingar no mercado como um todo, escalar para uma crise de confiabilidade e temos que acompanhar de perto já que isso pode trazer certa volatilidade para o mercado conforme mais desdobramentos forem saindo.”