Análise: Atlético-MG vence com justiça e dá passo por final
Apesar de o América-MG ser um time bem treinado e com um processo mais longevo de entrosamento, o Atlético-MG era o favorito no clássico desse domingo. E confirmou o favoritismo ao vencer por 2 a 1, com merecimento, o primeiro jogo da semifinal do Mineiro. O time é mais forte tecnicamente, teve o controle durante quase todo o tempo, criou mais, marcou dois gols e desperdiçou chances claras, que poderiam ter resultado num placar mais folgado.
Dito tudo isso, é importante prestar atenção ao que ainda precisa melhorar. No próximo fim de semana, o Galo estreia no Brasileirão, fora de casa, contra o atual campeão nacional e continental: o Flamengo. É a primeira grande “pedreira” no caminho do Galo de Jorge Sampaoli. Antes disso, na quarta, o Atlético volta a encarar o América, pelo jogo de volta da semifinal estadual. Os primeiros 90 minutos da disputa serviram para que alguns alertas fossem ligados, e outros fortalecidos.
A variação de rendimento entre os primeiros 45 minutos e os últimos já é uma luz de alerta que acende de forma repetitiva. Mais uma vez, o Galo caiu de produção na segunda etapa, especialmente nos minutos iniciais dela, e viu o rival tomar conta do jogo por pelo menos 10, 15 minutos. Contra um time mais forte, pode ser fatal. Tornar a equipe mais homogênea durante 90 minutos é um desafio do treinador argentino.
Outro problema que apareceu no Mineirão: o Galo se mostrou um time “torto”. Isso porque o lado direito não rendeu bem. Guga não estava em bom dia, e Savarino, bem marcado, praticamente não criou. O jogo se desenvolveu do meio para a esquerda, onde Guilherme Arana (melhor em campo) fez a diferença, e Keno tentou algumas jogadas individuais, apesar de também não ter tido grande destaque.
Quanto ao desequilíbrio entre os dois lados, Sampaoli precisa pensar em alternativas. Uma inversão dos dois pontas pode ser um caminho, além, claro, da alternativa mais óbvia: as substituições. No Mineirão, o treinador até tentou trocar os dois pontas (entraram Marquinhos e Otero), mas as trocas não foram tão impactantes. Pensando em lateral direita, o treinador terá, nos próximos dias, o reforço de Mariano, que chega já em condições de jogar, já que vinha atuando regularmente na Turquia.
Se as pontas não foram decisivas nesse domingo, o meio foi bem. Apesar de, no atual esquema, não jogar como um camisa 10 de ofício, Nathan foi peça importante no time, criou oportunidades para os companheiros e ainda “pisou na área” para marcar seu terceiro gol em três jogos. Pensando nos volantes, Jair voltou e mostrou alguma falta de ritmo, mas marcou seu gol e indiscutivelmente tem qualidade para ser titular. Allan fez mais um ótimo jogo e vem crescendo de produção.
Na frente, como referência, Marrony teve um jogo regular, mas perdeu uma chance de gol claríssima na etapa final, reforçando a necessidade que o Atlético tem de buscar um homem-gol – carência mais óbvia do elenco, já identificada por comissão e diretoria, que trabalha em busca de um reforço que chegue para jogar.
Contra o América, nesse domingo, o saldo entre o que deu certo e o que deu errado foi positivo, e a vitória foi justa. O desafio de Jorge Sampaoli – que tem ótimo início de trabalho – é diminuir o mais rápido possível a lista dos problemas. E, de preferência, transformá-los em virtudes. O Brasileirão bate à porta, e o Galo tem motivos para pensar grande.