Após reunião com Mourão, fundos aguardarão resultados de ações ambientais do Brasil

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Após videoconferência com o vice-presidente Hamilton Mourão e ministros para discutir a preservação da Amazônia, fundos internacionais divulgaram notas nas quais afirmaram que acompanharão os resultados do Brasil na preservação ambiental, como a redução do desmatamento.

O Brasil tenta melhorar sua imagem no exterior, após críticas à política ambiental do governo do presidente Jair Bolsonaro e cartas enviadas por investidores nacionais e estrangeiros, preocupados com aumento de desmatamento e queimadas.

Recentemente, o registro de queimadas na Amazônia voltou a subir – em junho foi o maior observado para o mês desde 2007, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Fundos de investimento europeus ameaçam retirar recursos do Brasil se não forem adotadas ações para conter a devastação.

A reunião virtual entre o vice-presidente da República, ministros e representantes dos fundos ocorreu na manhã desta quinta-feira (9), comandada por Mourão, presidente do Conselho da Amazônia.

Após a reunião, os fundos Storebrand Asset Management, da Noruega, e Nordea Asset Management e SEB Investment Management, ambos da Suécia, divulgaram notas sobre a videoconferência com o governo brasileiro.

O chefe do fundo Storebrand, Jan Erik Saugestad, afirmou na nota que os fundos apresentaram ao governo brasileiro cinco pontos considerados importantes para avaliar a política ambiental brasileira.

  • Redução significativa nas taxas de desmatamento;
  • Aplicação do Código Florestal;
  • Prevenção de incêndios nas áreas florestais, ou nas proximidades, a fim de evitar a repetição do que ocorreu em 2019;
  • Acesso público a dados sobre desmatamento, cobertura florestal, posse e rastreabilidade das terras que produzem commodities; e
  • Eficiência dos órgãos de fiscalização brasileiros para fazer cumprir a legislação ambiental e de direitos humanos

“Somente por meio da colaboração entre governos, empresas e investidores é que podemos alcançar as mudanças necessárias. Isso marca um começo”, disse Saugestad em nota.

De acordo com o Storebrand, as instituições queriam entender a posição do governo brasileiro sobre a proteção do que chamou de “capital natural” do país, em particular as florestas tropicais. Porém, disse não ser papel da instituição endossar ou comprometer-se com nenhum item apresentado pelo Brasil.

Saugestad também observou que os fundos enxergam o desmatamento e o impacto às mudanças climáticas como um risco para os investimentos. Daí, a importância de se encontrar uma forma de preservar a floresta.

Javiera Ragnartz, CEO do SEB Investment Management, disse em nota que queria discutir o papel de florestas tropicais, como a Amazônia, no combate às mudanças climáticas.

Segundo ele, o fundo continuará a monitorar o desenvolvimento das ações do Brasil na política ambiental para avaliar a exposição do fundo aos riscos financeiros decorrentes do desmatamento.

O SEB Investment disse que o diálogo com o governo brasileiro começou com uma carta de investidores da Noruega, Suécia, Dinamarca, Reino Unido, França, Holanda, Japão, Estados Unidos enviada ao Brasil. Segundo o fundo, 34 investidores, representando cerca de US$ 4,6 trilhões participam das conversas.

Também em nota, o Nordea Asset Management avaliou a reunião como um sinal positivo por parte do governo brasileiro. O fundo disse que o vice-presidente e ministros que participaram da reunião reconheceram a necessidade de combater o desmatamento e o enfatizaram várias vezes.

Na nota, o Nordea disse que não foram estabelecidas metas concretas para a redução do desmatamento, mas que isso também não era esperado. A instituição afirmou que está pendente um plano de como o governo lidará com o desmatamento daqui para frente.

De acordo com o governo, participaram da videoconferência os seguintes fundos:

  • Legal and General Investment Management – Reino Unido;
  • Nordea Asset Management – Suécia;
  • SEB Investment Management – Suécia;
  • Storebrand Asset Management – Noruega;
  • KLP – Noruega;
  • Robeco – Países Baixos;
  • AP2 Second Swedish National Pension Fund – Suécia; e
  • Sumitomo Mitsui Trust Asset Management – Japão

Em coletiva de imprensa após a reunião, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou que o plano do governo é manter as operações de repressão aos crimes ambientais, realizar ações mais efetivas nas áreas de regularização fundiária e de pagamentos de serviços ambientais para que, “pouco a pouco”, se chegue a um “número de desmatamento que seja aceitável”.

Mourão afirmou que a gestão do presidente Jair Bolsonaro não pode ser responsabilizada pelo “desmonte” de agências de fiscalização ambiental, com a redução do número de servidores.

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