Asteroide com maior chance de se chocar com a Terra, Bennu preserva elementos essenciais para a vida

Compartilhe

asteroide Bennu tem o formato de um pião, com largura aproximada de 300 metros, flutuando pelo espaço. Mas agora os cientistas podem observá-lo de perto graças ao veículo espacial OSIRIS-REx da Nasa, pronto para coletar amostras da superfície do asteroide em 20 de outubro. As novas observações indicam que a superfície de Bennu — e suas origens — são mais ricas e complexas do que imaginado por qualquer cientista.

Em seis estudos publicados recentemente nos periódicos Science Science Advances, a equipe do OSIRIS-REx apresenta novos dados de mapeamento em alta resolução, coletados desde a chegada do veículo espacial a Bennu em 2018. Juntos, os estudos apresentam novas informações sobre o menor corpo celeste já orbitado por um veículo espacial — dados que preenchem uma lacuna crucial nos conhecimentos dos cientistas sobre asteroides.

Os astrônomos conseguem mapear asteroides à distância por meio de telescópios, mas apenas áreas do tamanho de cidades ou estados. Meteoritos possíveis de serem examinados de perto pelos cientistas permitem estudos em pequena escala, embora suas revelações possam ser limitadas. “Essas medições contribuem para relacionar as duas escalas e nos ajudam a visualizar detalhes impossíveis de observar de outra forma”, afirma Andy Rivkin, cientista planetário do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, que não participou dos estudos de Bennu.

Esse asteroide caótico, em especial, pode conter pistas sobre os últimos estágios da origem da vida e é por isso que a Nasa lançou o OSIRIS-REx em 2016 para coletar amostras em sua superfície. Bennu é mais um dentre uma série de asteroides conhecidos por conter moléculas orgânicas compostas por carbono — elementos essenciais para a vida como conhecemos na Terra — bem como minerais alterados na presença de água. Pesquisadores suspeitam que ao menos parte da água e das moléculas orgânicas existentes na Terra sejam provenientes de asteroides e, assim, há uma boa possibilidade de que objetos como Bennu tenham semeado as substâncias químicas necessárias à vida na Terra.

Bennu também representa um possível risco de segurança a nosso planeta natal. Sua órbita atravessa a da Terra e há aproximadamente uma chance em 2,7 mil de que possa colidir com nosso planeta no fim da década de 2100, o que reforça ainda mais a importância do estudo minucioso do asteroide

Embora muitas das rochas existentes em Bennu remontem à fase inicial do sistema solar, o próprio Bennu é um produto do caos mais recente. Pesquisadores acreditam que, há cerca de um bilhão de anos, uma grande colisão no cinturão de asteroides destruiu um objeto com cerca de 100 quilômetros de largura. O cataclismo produziu numerosos detritos e formou um grupo de asteroides menores, entre eles Bennu.

Quando o corpo celeste que deu origem a Bennu ainda era jovem, possuía calor suficiente para manter água na forma líquida em seu solo. Com o gotejamento dessa água pelo asteroide, minerais de carbonato lentamente foram depositados nas fissuras pelas quais a água passou. Posteriormente, quando Bennu foi esculpido pela gravidade a partir dos escombros do corpo celeste que lhe deu origem, alguns desses veios minerais primordiais se mantiveram intactos no interior de rochas agora espalhadas pela superfície de Bennu.

O maior desses veios de carbonato já observado possui comprimento superior a 90 centímetros. A largura e o tamanho dos veios implicam que, por milhares — talvez milhões — de anos, o corpo celeste que originou Bennu dispunha de uma quantidade considerável de atividade hidrotérmica.

“É esse o motivo da exploração com veículo espacial”, afirma Hannah Kaplan, membro da equipe do OSIRIS-REx, coautora do estudo e cientista planetária do Centro Goddard de Voos Espaciais da Nasa. “Essas observações não eram esperadas, pois não é possível visualizá-las da Terra e é preciso orbitar muito próximo do asteroide para tanto.”

Os veios de carbonato foram identificados quando o OSIRIS-REx reuniu uma enorme quantidade de dados em alta resolução. Rivkin observa que um instrumento a bordo do veículo espacial captou imagens da composição da superfície do asteroide em uma resolução suficiente para visualizar uma área equivalente a uma quadra de basquete. Um instrumento mapeou a variação de cores de Bennu em uma área tão pequena quanto uma folha de papel — e outro até mesmo captou imagens da superfície de Bennu no tamanho de um selo postal.

Com informações National Geographic

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

www.clmbrasil.com.br