Eleição nos EUA: Biden tem 14 pontos de vantagem sobre Trump, diz pesquisa

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Levantamento mostra democrata 14 pontos à frente, o pior cenário para o presidente até agora; Obama consegue arrecadação recorde para campanha democrata em evento on-line

 O candidato democrata às eleições presidenciais de novembro, Joe Biden, assumiu uma ampla liderança em relação ao presidente Donald Trump na corrida eleitoral de 2020. Ele tem vantagem considerável entre as mulheres e eleitores não brancos e faz avanços em alguns grupos de eleitores tradicionalmente republicanos que se afastaram de Trump após a resposta considerada incompetente à pandemia do novo coronavírus, de acordo com a primeira pesquisa nacional feita neste ano pelo jornal The New York Times e o Siena College.

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Na média das pesquisas nacionais, calculada pelo site Real Clear Politics, Biden está 10 pontos à frente de Trump, já incluindo o levantamento NYT/Siena. Em levantamento da Reuters/Ipsos na semana passada, a diferença foi de 13 pontos para o democrata.

De acordo com a pesquisa do NYT, Biden está hoje 14 pontos percentuais à frente de Trump nas intenções de voto para a votação em 3 de novembro, com 50% versus 36%. O cenário é o pior para Trump até hoje e um sinal de que ele é o claro azarão em sua campanha por um segundo mandato. A pesquisa ouviu 1.337 eleitores registrados entre 17 e 22 de junho.

Trump tem sido um presidente impopular por praticamente todo o seu mandato. Fez poucos esforços desde sua eleição em 2016 para ampliar seu apoio além da base de direita que o levou ao poder com apenas 46% dos votos populares e uma modesta vitória no Colégio Eleitoral.

Mas, entre um número significativo de eleitores, a aversão a Trump se aprofundou quando seu governo falhou em impedir a disseminação de uma doença mortal que afundou a economia e, em seguida, quando respondeu a uma onda de protestos por justiça racial com fúria e ameaças de intervenção militar.

A imagem que surge da pesquisa é de um país pronto para rejeitar um presidente que a grande maioria acredita ter falhado diante dos principais testes que seu governo está enfrentando. Nesta quarta, os EUA registraram o maior número de novos casos diários da Covid-19 desde abril, mais de 35 mil, com a pandemia crescendo em 20 dos 50 estados. No total, o pais chega a mais de 2,3 milhões de contaminações, com mais de 121 mil mortes.

Biden lidera a pesquisa com enorme margem entre eleitores negros e latinos, enquanto mulheres e jovens parecem preferir o democrata por uma margem ainda maior do que a obtida por Hillary Clinton, que disputou com Trump em 2016.

O ex-vice-presidente também atrai eleitores do sexo masculino, brancos e pessoas de meia-idade e mais velhas – grupos que têm sido a espinha dorsal do eleitorado republicano, incluindo o de Trump em 2016.

Um dos destaques da vantagem de Biden é a intenção de voto entre as mulheres brancas com diploma universitário, grupo em que ele alcança uma margem de 39 pontos. Em 2016, pesquisas de opinião pública indicaram que o grupo preferia Hillary a Trump com uma margem de apenas 7 pontos percentuais. A pesquisa também descobriu que Biden reduziu a vantagem que Trump tem entre eleitores brancos menos instruídos.

O êxodo de eleitores brancos do Partido Republicano foi especialmente acentuado entre os mais jovens, uma tendência ameaçadora para um partido que já era fortemente dependente de americanos mais velhos. Cinquenta e dois por cento dos brancos com menos de 45 anos disseram apoiar Biden, enquanto apenas 30% disseram apoiar Trump.

Uma certa inquietação com Trump decorre das posições dos eleitores em relação à questão racial. Segundo a pesquisa, os eleitores brancos com menos de 45 anos apoiam enormemente o movimento Black Lives Matter, enquanto os brancos mais velhos são mais tímidos em relação ao ativismo pela justiça racial. E quase 70% dos brancos com menos de 45 anos disseram acreditar que o assassinato de George Floyd, em 25 de maio, foi parte de um padrão mais amplo de violência policial excessiva contra os negros americanos, em vez de um incidente isolado.

O que é surpreendente, porém, é que mesmo entre os idosos brancos, uma das faixas de eleitores mais fortes de Trump, ele se prejudicou com sua conduta. Cerca de dois quintos dos brancos acima de 65 anos disseram que desaprovavam o comportamento de Trump tanto em relação ao novo coronavírus quanto em relação às questões raciais.

Pontos fortes

Trump mantém alguns pontos fortes na pesquisa que poderiam lhe oferecer uma forma de se recuperar na corrida presidencial, e o resultado da pesquisa pode representar o ponto mais baixo de uma campanha que ainda tem quatro meses e meio pela frente.

Seu índice de aprovação ainda é positivo na gestão da economia, com 50% dos eleitores dando-lhe notas favoráveis e 45% dizendo o contrário. Se a campanha se tornar um referendo sobre qual candidato está mais bem preparado para restaurar a prosperidade após a pandemia, isso poderia dar a Trump uma nova abertura para avançar nas intenções de voto.

O presidente também ainda está à frente de Biden entre os eleitores brancos sem diploma universitário, que exercem uma influência desproporcional nas eleições presidenciais, por sua forte presença nos estados do Meio-Oeste, com grande peso no Colégio Eleitoral.

Por outro lado, quase três quintos dos eleitores desaprovam o tratamento dado por Trump à pandemia, incluindo a maioria dos eleitores brancos e homens. Os eleitores que se autodescrevem como moderados desaprovam Trump em relação ao coronavírus por uma margem de mais de dois para um.

A maior parte do país também está rejeitando a insistência de Trump em retomar as atividades econômicas o mais rápido possível, mesmo ao custo de expor as pessoas a maiores riscos à saúde. Por uma margem de 21 pontos, os eleitores disseram que o governo federal deveria dar prioridade à contenção do coronavírus, mesmo que isso prejudique a economia, uma visão que os alinha com Biden.

O público também não compartilha a resistência de Trump a usar máscara de proteção. Na pesquisa, 54% dos entrevistados disseram que sempre usam máscara quando esperam estar próximas de outras pessoas, enquanto 22% disseram que geralmente usam máscara. Apenas 22% disseram que raramente ou nunca usam máscara.

A imagem de Biden que a pesquisa sugere é de um candidato aceitável que inspira relativamente poucos sentimentos fortes em qualquer direção. Ele é visto favoravelmente por cerca da metade dos eleitores e desfavoravelmente por 42%. Apenas um quarto disse que o via muito favoravelmente, igualando a parcela que o vê em termos muito negativos.

Trump, por outro lado, é visto muito favoravelmente por 27% dos eleitores e muito desfavoravelmente por 50%.

A paixão limitada por Biden entre outros eleitores democratas não parece estar afetando sua posição contra Trump. Embora apenas 13% das pessoas com menos de 30 anos tenham uma opinião muito favorável do ex-vice-presidente, esse grupo está apoiando Biden contra Trump por uma diferença de 34 pontos percentuais.

No momento, os eleitores também não parecem convencidos por uma das principais linhas de ataque que Trump e seu partido usam contra Biden: a alegação de que, aos 77 anos, ele é velho demais para a Presidência.

Mas três em cada cinco eleitores disseram na pesquisa que discordavam da afirmação de que Biden é velho demais para ser um presidente eficaz. A porcentagem de eleitores que concordaram, 36%, corresponde exatamente ao apoio a Trump na corrida presidencial.

Apoio de Obama

Na noite de terça-feira, o ex-presidente Barack Obama ajudou a arrecadar US$ 11 milhões para a campanha de Biden, em um evento transmitido pela internet. Obama, de quem Biden foi vice-presidente, disse que um “grande despertar” entre os americanos poderia ajudar a derrotar Donald Trump.

Obama, que ocupou a Casa Branca por dois mandatos consecutivos, atraiu uma grande audiência em seu primeiro evento virtual, que contou com 175 mil participantes, cujas doações estabeleceram um recorde de arrecadação de fundos para Biden.

– Estou aqui para dizer que a ajuda está a caminho se fizermos o trabalho, porque não há ninguém em quem confie mais para reparar este país e recuperá-lo do que meu querido amigo Joe Biden – disse Obama, que apareceu em um tela dividida com o candidato democrata. – O que me deixa otimista é o fato de que um grande despertar está ocorrendo em todo o país, particularmente entre os jovens que estão fartos da abordagem caótica, desorganizada e mesquinha de governo que vimos nos últimos dois anos.

Biden não realiza comícios pessoalmente desde meados de março devido à pandemia do coronavírus.Em vez disso, ele permanece grande parte do tempo em sua casa em Delaware, usando mídias sociais, entrevistas na televisão ou comerciais para criticar Trump.

Enquanto isso, Trump voltou aos eventos de campanha no fim de semana em Tulsa, no estado de Oklahoma, onde realizou um comício fechado no qual a maioria dos 6 mil participantes não usava máscara.

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