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Causas do apagão histórico em Portugal, Espanha, e França permanecem obscuras

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Espanha, Portugal e parte do sudoeste da França sofreram um grande corte de energia na segunda-feira, com grandes cidades como Madri, Barcelona e Lisboa entre as afetadas.

Casas, escritórios, trens, semáforos e até mesmo o torneio de tênis aberto de Madri foram atingidos, causando caos para milhões de pessoas e levando os governos espanhol e português e as operadoras de rede a se esforçarem para entender o problema e correr para resolvê-lo.

As redes móveis caíram e o acesso à internet foi cortado devido à queda de energia às 12h33 (11h33 BST). Hospitais adiaram operações de rotina, mas usaram geradores para atender casos críticos e, embora os serviços bancários eletrônicos pudessem funcionar com sistemas de backup, a maioria das telas dos caixas eletrônicos estava em branco.

Às 22h (horário local) de segunda-feira, 62% das subestações da Espanha estavam novamente ativas (421 de 680) e 43,3% da demanda de energia havia sido atendida. Embora a Red Eléctrica já tivesse alertado que poderia levar de seis a 10 horas para o restabelecimento total do fornecimento após o que chamou de um incidente “excepcional e totalmente extraordinário”.

Em uma importante via no bairro de Argüelles, em Madri, a restauração do fornecimento de energia provocou gritos de alegria e uma onda de aplausos calorosos entre as muitas pessoas que passavam pela rua.

O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, disse que a energia elétrica no país seria totalmente restaurada nas próximas horas após uma grande queda de energia que atingiu a Península Ibérica.

Ele disse que todos os serviços estatais continuaram operando no país, apesar das dificuldades.

O que aconteceu?

A Red Eléctrica de España (REE), a rede eléctrica espanhola, disse que Espanha e Portugal foram atingidos pelo “el zero” – o zero. A sua homóloga portuguesa, Redes Energéticas Nacionais (REN), disse que a interrupção começou às 11h33, horário de verão da Europa Ocidental.

No meio da tarde, a operadora espanhola, que é parcialmente estatal, anunciou ter iniciado a recuperação da tensão no norte, sul e oeste da Península Ibérica. O processo de recuperação só pôde ser realizado gradualmente, para evitar a sobrecarga de partes da rede à medida que cada gerador se conecta.

Madri pedem mobilização do Exército 

A presidente da comunidade espanhola de Madri, Isabel Díaz Ayuso, defendeu a ativação do Exército para “colaborar” com a crise desencadeada no país europeu após o grande apagão registrado hoje.

Uma proposta apoiada pelo prefeito de Madri, José Luis Martínez-Almeida, que expressou preocupação com o que pode acontecer à noite, como saques. “Não quero imaginar a cidade de Madri sem luzes quando a escuridão cair”, disse ele em uma aparição citada pela imprensa local.

Em sua mensagem, publicada no X, Ayuso também solicitou a declaração de estado de emergência nível três, pedido que foi aprovado pelo Governo, com o qual o Estado assumirá a gestão da proteção civil na capital espanhola.

A Endesa, maior concessionária de energia da Espanha, com 10 milhões de clientes, e a Iberdrola, a segunda maior fornecedora, disseram que estavam trabalhando com a REE de acordo com os protocolos estabelecidos.

O que causou isso?

O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, afirmou que o problema teve origem na Espanha. A REN portuguesa afirmou que um “fenômeno atmosférico raro” causou um grave desequilíbrio nas temperaturas, o que levou aos desligamentos generalizados.

A REN afirmou: “Devido às variações extremas de temperatura no interior da Espanha, ocorreram oscilações anômalas nas linhas de altíssima tensão (400 kV), um fenômeno conhecido como ‘vibração atmosférica induzida’. Essas oscilações causaram falhas de sincronização entre os sistemas elétricos, levando a perturbações sucessivas em toda a rede europeia interligada.”

Os riscos impostos aos sistemas elétricos por grandes variações nas temperaturas atmosféricas são bem conhecidos na indústria, mesmo que seja raro que problemas se manifestem nessa escala.

“Devido à variação de temperatura, os parâmetros do condutor mudam ligeiramente”, disse Taco Engelaar, diretor administrativo da Neara, fornecedora de software para concessionárias de energia. “Isso cria um desequilíbrio na frequência.”

Georg Zachmann, pesquisador sênior do Bruegel, um think tank de Bruxelas, disse que o sistema sofreu “desconexões em cascata de usinas de energia” – incluindo uma na França – quando a frequência da rede caiu abaixo do padrão europeu de 50 Hz.

Poderia ter sido uma ação suja?

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, que foi primeiro-ministro de Portugal de 2015 a 2024, afirmou que “não há evidências de que tenha sido um ataque cibernético”, mas alertou que a causa final ainda não está clara. A vice-presidente sênior da Comissão Europeia, Teresa Ribera, também disse à Rádio 5 da Espanha que não há evidências de que um ato deliberado tenha causado a interrupção.

No entanto, o Conselho de Segurança Nacional da Espanha foi convocado na segunda-feira para avaliar a queda de energia. O primeiro-ministro português disse que era muito cedo para dizer com certeza o que causou o apagão.

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