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Deputado Glauber Braga adota o chão da Câmara como cama em protesto sobre possível cassação

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O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou a cassação do mandato do deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) por 13 votos a cinco, conforme noticiado na quarta-feira (9). Em resposta, o parlamentar anunciou uma greve de fome e passou a noite nos plenários das comissões da Câmara, onde pretende permanecer até a conclusão do processo que pode resultar na perda de seu cargo.

Braga alega ser vítima de uma armação orquestrada pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que, segundo ele, estaria influenciando nos bastidores para garantir sua derrota. Após a decisão, Glauber declarou que não se renderá a Lira, ao “orçamento secreto” e ao MBL (Movimento Brasil Livre), afirmando que permanecerá no Congresso Nacional sem se alimentar até o final do processo.

A deputada Luiza Erundina (Psol-SP) sugeriu que outros membros do partido o acompanhassem no local.
É importante ressaltar que, apesar da aprovação no Conselho de Ética, Glauber Braga ainda não foi cassado. O processo ainda pode ser recorrido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Caso avance nessa etapa, a decisão final sobre a perda de seu mandato caberá ao plenário da Casa.

O processo de cassação foi aberto em 2024 devido a um incidente ocorrido em 16 de abril de 2024, quando Glauber Braga expulsou um membro do MBL, Gabriel Costenaro, da Câmara dos Deputados com chutes. O desentendimento ocorreu após Costenaro fazer insinuações sobre a mãe do deputado, Saudade Braga, que estava doente e faleceu 22 dias depois.

Em suas manifestações no Conselho de Ética, o deputado Glauber Braga acusou o então presidente da Câmara, Arthur Lira, de ter “comprado” o relatório do processo, referindo-se a ele em diversas ocasiões como “bandido”.
O relator do processo de cassação, deputado federal Paulo Magalhães (PSD-BA), e Glauber tiveram vários confrontos ao longo do processo. Magalhães negou as acusações de conluio com Lira, enquanto Glauber ironizou sua relação “discretíssima” com o presidente.

Em resposta, Magalhães chamou Glauber de “inconsequente e responsável”, afirmando que ele merecia ser cassado.
Na sessão da última quarta-feira, Glauber chegou acompanhado de apoiadores que gritavam “Glauber, fica”. Em seu discurso, reiterou suas críticas a Lira e ao membro do MBL. Ele também mencionou um episódio de 2001 em que Magalhães agrediu um jornalista, saindo impune.

Esta é a segunda vez nesta legislatura que o Conselho de Ética aprova a cassação de um deputado. A primeira foi a de Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), preso sob acusação de ser o mandante do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. No caso de Brazão, apenas um deputado votou contra a cassação e Paulo Magalhães se absteve. Brazão, preso desde março de 2024, ainda mantém seu mandato, pois o processo não foi votado no plenário.

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