Dólar dispara 27% e real amarga o pior resultado em quatro anos

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A maior intervenção do Banco Central (BC) desde o início do regime de câmbio flutuante ajudou a conter a alta do dólar em dezembro, mas não impediu que o real ficasse em segundo lugar entre as moedas que mais perderam valor em 2024. Após o fechamento do último pregão do ano, o dólar registrou uma valorização de 27,34% em relação ao real, o maior aumento desde 2020, quando a pandemia de covid-19 impactou os mercados.

Nesta segunda-feira (30), o BC injetou US$ 1,815 bilhão entre 13h56 e 14h01, após a moeda americana subir 0,8%, alcançando R$ 6,2426. O leilão à vista fez o dólar cair 0,21%, fechando o dia a R$ 6,1802, contrariando o desempenho das moedas de economias emergentes. No mês, a valorização do dólar caiu para 2,98%.

Até a definição da taxa Ptax final de 2024, a pressão de investidores vendidos provocou volatilidade no mercado cambial, com o dólar chegando a cair 0,64%, para R$ 6,1535, menor valor desde a última quinta-feira.

Analistas avaliam que a liberação parcial de emendas parlamentares, autorizada pelo ministro do STF Flávio Dino, não aliviou muito as preocupações do mercado com a votação do orçamento de 2025, após o recesso legislativo em Brasília.

Reginaldo Galhardo, gerente da corretora Treviso, observou que o BC realizou o leilão à vista após a formação da Ptax para não interferir na disputa entre comprados e vendidos. Ele considera, porém, que a atuação do BC tem sido insuficiente para conter a valorização do dólar.

Em dezembro, o BC injetou US$ 21,575 bilhões em leilões à vista, a maior injeção de recursos em um único mês na história do regime de câmbio flutuante, superando março de 2020, quando foram vendidos US$ 12,054 bilhões. Mesmo com essa intervenção recorde, a valorização do dólar frente ao real só não foi maior do que a alta de 27,53% em relação ao peso argentino.

As ações do BC ocorreram em meio ao estresse gerado pela frustração com as medidas de ajuste fiscal do governo, acompanhadas pelo anúncio da isenção do imposto de renda para salários de até R$ 5 mil.

Embora o real tenha sido a segunda moeda mais desvalorizada entre as mais líquidas, a forte valorização do dólar não se restringiu ao Brasil e à Argentina. A moeda americana subiu 24% ante o rublo, 21% contra o peso mexicano e 20% em relação à lira turca.

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