Ex-ministro Sergio Moro depõe à Justiça Federal em ação sobre invasão de celulares

Compartilhe

Ele teve o celular invadido em junho do ano passado. Moro afirmou que jamais influenciou investigação da Polícia Federal e que hackers buscavam informações confidenciais

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro depôs nesta quarta-feira (08) à Justiça Federal, em Brasília, na ação penal da Operação Spoofing, que apura a invasão de celulares de autoridades.

Moro teve o celular invadido por hackers em junho do ano passado, ainda como ministro da Justiça.

Ao juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal, Moro disse que os hackers buscavam informações confidenciais.

“Fui atacado na condição de ministro da Justiça e Segurança Pública, seja para capturar mensagens do meu período de juiz federal ou na atuação de ministro da Justiça. Na condição de ministro da Justiça, atacado por hackers que provavelmente buscavam informações confidenciais, eu fiz a representação”, afirmou.

Moro ainda afirmou que usava o aparelho invadido para realizar comunicações do governo.

“Mesmo na época que eu era juiz, eu usava também esse celular para me comunicar. Claro que comunicações que precisavam ser formalizadas eu fazia no papel. Mas usava esse celular para assuntos de governo e ministério”, disse.

O ex-ministro também afirmou que jamais influenciou as investigações da Polícia Federal.

“Eu não tinha acesso ao inquérito. Era só um acompanhamento do andamento do trabalho. Além da posição de vítima, tinha essa situação envolvendo segurança nacional”, explicou.

Segundo Moro, as atualizações eram “geralmente” informadas pelo então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo.

Manuela D´Ávila

A ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) também prestou depoimento.

Ela disse ter recebido o contato de um hacker que buscava repassar as mensagens dos procuradores da Operação Lava Jato. A ex-deputada afirmou que repassou o contato do jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil.

Segundo ela, o hacker afirmou que não queria dinheiro para repassar as informações.

“A pessoa que fez contato comigo escreveu literalmente que não queria dinheiro. […] A motivação, expressa por escrito, era de salvar o país, de mostrar crimes cometidos”, explicou.

Operação Spoofing

Operação Spoofing investiga a interceptação de mensagens de autoridades, como o presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro Sergio Moro, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e os procuradores da Operação Lava Jato.

Em julho do ano passado, a Polícia Federal prendeu quatro pessoas suspeitas da invasão dos celulares: Walter Delgatti Neto, Gustavo Souza, Danilo Marques e Suelen Priscilla de Oliveira.

Em setembro, a Polícia Federal realizou uma nova fase da operação e prendeu mais dois suspeitos: Thiago Eliezer Martins dos Santos e Luiz Molição.

Em dezembro, a PF indiciou seis pessoas por organização criminosa e interceptação de comunicação pelo esquema de invasão de celulares. Os indiciados foram os seis presos nas duas primeiras fases da operação.

Em janeiro deste ano, o Ministério Público denunciou sete pessoas pela invasão dos celulares: os seis suspeitos e o jornalista Glenn Greenwald. De acordo com o MPF, Greenwald “auxiliou, orientou e incentivou” o grupo.

Em fevereiro de 2020, o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal em Brasília, aceitou a denúncia contra os seis investigados e rejeitou “por ora” a denúncia contra Glenn Greenwald.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

www.clmbrasil.com.br