Filme mostra como Marielle Franco inspirou mulheres negras na política

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O filme Sementes: Mulheres prestas no poder, dirigido por Éthel Oliveira e Júlia Mariano, foi lançado gratuitamente no canal do YouTube da Embaúba Filmes na segunda-feira (7). O longa acompanha, escuta e revela quem são algumas das mulheres negras na política do Brasil, sobretudo aquelas que emergiram após o brutal assassinato da vereadora Marielle Franco em março de 2018.

De acordo com a pesquisa Estatísticas de gênero — Indicadores sociais das mulheres no Brasil, do IBGE, o Brasil tem a menor representação parlamentar feminina na América do Sul e com menos de 10% de cadeiras existentes na câmara dos deputados ocupadas por mulheres. Assim, o filme mostra como candidatar-se a cargos de deputadas federal e estadual nas eleições de 2018 se transformou em responder politicamente ao assassinato de Marielle Franco, disputando o espaço da política institucional do qual a vereadora foi brutalmente arrancada.

Sementes foi rodado no Rio de Janeiro, durante o primeiro turno das eleições de 2018 no Brasil, acompanhando seis candidatas: Mônica Francisco, Renata Souza, Talíria Petrone, Rose Cipriano, Tainá de Paula e Jaqueline Gomes e mostra como é o processo de construção dessas mulheres como figuras políticas, como driblam as dificuldades financeiras e trazem de volta às urnas eleitores desacreditados que desistiram do voto. 

O longa foi feito com baixo orçamento e teve equipe técnica foi formada por mulheres pretas na direção, roteiro, direção de fotografia e trilha sonora, o que garantiu a elas estar em posições de chefia. Também garantiu que o olhar do filme fosse pelas perspectivas diversas dessas mulheres pretas, assim como as retratadas em frente às câmeras.

Esse é o primeiro longa da co-diretora Éthel Oliveira, da fotógrafa Marina Alves e da roteirista Lumena Aleluia. Uma escolha da produtora executiva e co-diretora Júlia Mariano, que coloca em perspectiva o próprio cinema brasileiro e toda a produção de memória e história que vem com ele. “Um cinema fundado no fazer de pessoas brancas, que desconsidera outras perspectivas e olhares de mundo. Esse mono-olhar branco, que constrói nosso imaginário coletivo, é redutor e empobrecedor. Mas para além disso, é também constitutivo do racismo estrutural brasileiro. É só se perguntar como o corpo feminino negro é trabalhado no cinema nacional – para se ter o tamanho do problema”, diz o texto de divulgação de Sementes.

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