Governo Lula desiste de mudar prazos de validade de alimentos, em meio a críticas

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O ministro Rui Costa (Casa Civil) inicialmente buscou esclarecer que o governo não pretende intervir no preço dos alimentos, apesar de ter usado essa expressão durante uma entrevista ao Bom Dia Ministro. Ele também negou a possibilidade de alterar a regra do prazo de validade dos alimentos, proposta pela Abras (Associação Brasileira de Supermercados) e que estava sendo analisada por alguns ministérios.

A ideia de mudar a validade dos alimentos gerou críticas nas redes sociais e foi explorada pela oposição. No X (ex-Twitter), perfis críticos ao governo alegaram que a intenção era “fazer a população consumir alimentos vencidos” ou “fazer pobre comer comida velha”. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) ironizou a situação, dizendo que “a picanha não veio e, se vier, será podre”.

Em entrevista à CNN Brasil, Rui Costa afirmou que várias sugestões do setor varejista estão sendo analisadas, mas descartou a adoção da venda de produtos com validade vencida, prática que não é comum no Brasil. A Casa Civil informou que as medidas serão avaliadas em reuniões com ministérios e outros órgãos governamentais, com a participação de produtores e associações.

A questão do preço dos alimentos foi um dos momentos mais tensos da reunião ministerial realizada na segunda-feira (20). Lula interrompeu a apresentação do ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) para cobrar medidas que barateiem os preços.

Nesta quarta-feira, Rui Costa disse que o governo buscará um “conjunto de intervenções” para reduzir o preço dos alimentos, recebendo sugestões de associações de supermercados. Ele sugeriu substituir a palavra “intervenção” por “medidas” para evitar mal-entendidos e afirmou que as ações do governo visam baratear os custos de produção de alimentos.

Nas redes sociais, o ministro reafirmou que não haverá intervenções do governo, mas a adoção de medidas para baratear os alimentos. Integrantes do governo confirmaram que algumas propostas da Abras estavam em análise, incluindo a modificação das regras sobre a data de validade dos alimentos para adotar o modelo “best before” (consumir preferencialmente antes de).

O modelo atual no Brasil considera a data de validade, após a qual o produto não deve ser consumido. A Abras argumenta que a mudança poderia economizar R$ 3 bilhões ao reduzir o desperdício. Essa medida exigiria a aprovação de um projeto de lei e mudanças promovidas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Interlocutores no Palácio do Planalto minimizaram a discussão sobre essa medida, afirmando que a cobrança de Lula pegou alguns ministros de surpresa. A questão da validade dos alimentos é uma pauta antiga da Abras, que já havia sido discutida durante o governo Jair Bolsonaro (PL).

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