Infestação de lagartas mata 7 mil bovinos e devastam pastos e propriedades rurais em Roraima
Desafios na Reserva Legal e a Infestação de Lagartas em Propriedades Rurais de Roraima
O Verde Enganador: Escassez de Pasto e Mortes de Bovinos
Os campos verdejantes das propriedades rurais podem esconder uma realidade preocupante. Em Roraima, o pasto que alimenta o gado está escasso, levando à morte de mais de 7 mil bovinos. A situação é crítica em 10 dos 15 municípios do estado, onde ervas daninhas conhecidas como mata-pasto tomaram conta da vegetação e atraem pragas, como lagartas1.
Devastação e Prejuízos
Estima-se que cerca de 50 mil hectares de pasto em 840 propriedades tenham sido devastados desde o início de maio. O prejuízo, até o momento, é de R$ 63 milhões em perdas, incluindo gado e capim morto. No entanto, esse valor pode ser ainda maior, pois equipes estão avaliando os estragos em campo1.
Emergência Declarada e Apoio aos Produtores
Diante dessa crise, o governo decretou situação de emergência no estado. O objetivo é oferecer apoio financeiro aos produtores rurais das regiões mais afetadas, como Amajari, Alto Alegre, Bonfim, Cantá, Caracaraí, Iracema, Mucajaí, Pacaraima, Normandia e Uiramutã. O engenheiro agrônomo Daniel Schurt, da Embrapa, destaca que várias espécies de lagartas estão causando estragos nos pastos, com destaque para a infestação de lagarta-do-cartucho-do-milho e o curuquerê-dos-capinzais1.
O Desequilíbrio Ambiental e o Fenômeno El Niño
Schurt explica que a infestação está relacionada à diminuição da população de predadores naturais das lagartas. O período de estiagem, agravado pelo fenômeno El Niño, reduz a presença de inimigos naturais, como sapos, insetos predadores, pássaros e morcegos. Esse desequilíbrio favorece a proliferação rápida e agressiva das lagartas, causando danos significativos nas pastagens e plantações1.
Impacto Além do Gado: Agricultura e Comunidades Indígenas
Além do gado, as lagartas também afetam plantações de milho, mandioca, feijão e hortaliças em propriedades rurais. Comunidades indígenas, como a região de Willimon, no município de Uiramutã, enfrentam prejuízos em suas roças. No entanto, há esforços para recuperar sementes tradicionais e garantir alternativas de alimentação natural para essas comunidades1.