Marília diz enfrentar “estrutura”. PSB não pedirá cargos do PT
Ao tratar de sua candidatura à Prefeitura do Recife, homologada, ontem, em convenção, Marília Arraes sublinhou ter um grande desafio: “Vai ser uma campanha contra uma estrutura de poder grande”. Refere-se ao PSB, que comanda, hoje, o Governo do Estado e a Prefeitura do Recife e tem o prefeiturável João Campos no páreo. Detalhe: uma ala do PT segue ocupando cargos nas gestões socialistas. E diferente do momento inicial, quando o PT decidiu que teria candidatura própria na Capital e os socialistas reagiram, sinalizando que cobrariam a devolução desses espaços, a decisão, agora, é de por panos mornos no assunto. Ao menos, no Governo Paulo Câmara, a ideia de exigir os cargos de volta saiu do radar. Em relação à gestão Geraldo Julio, o que se diz, nos bastidores, é que, por lá, também é bem “improvável” que a cota do PT não seja mantida intacta. No Estado, o PT está no comando da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, tem espaços no IPA e no Iterpe. Na administração municipal, o PT está à frente da pasta de Saneamento.
Num primeiro momento, a decisão do PT de manter a candidatura própria fez azedar o ambiente entre socialistas e petistas. Atualmente, a presença de petistas nas gestões passou a ser encarada como mais uma variável capaz de reforçar o racha interno no PT, enfraquecendo, avaliam socialistas em reserva, a postulação da petista. Integrante da ala que defendia manutenção da aliança do PSB com a Frente Popular, o senador Humberto Costa, ao discursar, ontem, como antecipamos, na convenção de Marília, defendeu que o adversário maior do PT deveria ser o governo Bolsonaro e que era preciso “trabalhar para estar” com o PSB “no 2º turno, efetivamente juntos, para derrotar essa direita”. A despeito disso, Marília deixou claro que se comportará enquanto candidatura de Oposição. Mas terá que enfrentar o desafio de construir um discurso com petistas fazendo parte do governo. O PSB já percebeu que expulsar esses aliados pode ajudar a legitimar o discurso dela. Assim, não vai cobrar nada. Ao menos, por enquanto.
Humberto resgata 2006
Ao tratar da possibilidade de o PSB e o PT estarem juntos num 2º turno no Recife, o senador Humberto Costa lembrou o episódio de 2006: “Quando tivemos a grandesa de nos unirmos a Eduardo Campos para ganhar a eleição e impedir que Mendonça Filho viesse a ser governador. Mais do que nunca tenho certeza de que estava certo. Pernambuco seria a cara do atraso, caso esse cidadão tivesse sido eleito”.
Ausências sentidas na convenção do DEM foram as dos Coelho. Aliados repararam porque Fernando Bezerra Coelho teve papel importante na articulação da candidatura de Mendonça Filho.
Mendonça chamou a atenção para o slogan estampado: “Recife acima de tudo”. Disse que se justifica porque a cidade está “estagnada, abandonada, parada no tempo”. A expressão faz referência também ao bordão do presidente Bolsonaro: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Trecho da música exibida dizia: “Mendonça é Bolsonaro. Bolsonaro é Mendonça”.