Mundo está vivendo uma “epidemia de calor extremo e vai piorar”, alerta ONU
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, apelou à comunidade global para que tome medidas para combater o que ele chamou de “epidemia de calor extremo”, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e pesa muito nas economias.
Falando a repórteres na quinta-feira, o chefe da ONU observou que o aumento das temperaturas “não é mais um fenômeno de um dia”, com organizações meteorológicas globais documentando um rápido aumento na escala, intensidade e frequência de eventos de calor extremo.
Ele alertou que, a menos que todos os países se unam em um esforço para limitar os efeitos do aumento das temperaturas, a situação “vai piorar”.
“O calor extremo é o novo anormal”, disse ele, observando que bilhões de pessoas ao redor do mundo estão enfrentando temperaturas extremas e “murchando sob ondas de calor cada vez mais mortais”.
Estima-se que o calor mate quase meio milhão de pessoas por ano, cerca de 30 vezes mais do que os ciclones tropicais.
Guterres propôs um plano de ação que visa ajudar as nações a limitar os efeitos das mudanças climáticas. Primeiro, ele pediu por um aumento na proteção “para os mais vulneráveis”, incluindo os pobres urbanos, mulheres grávidas, pessoas com deficiência, idosos e crianças. Ele exigiu mais financiamento para aumentar os sistemas de alerta de saúde por calor e aumentar o acesso ao resfriamento de baixo carbono para ajudar esses grupos.
Em segundo lugar, o chefe da ONU pediu mais proteções para os trabalhadores, incluindo novas leis e regulamentações trabalhistas. Ele alertou que o estresse por calor no trabalho deve custar à economia global US$ 2,4 trilhões até 2030, acima dos US$ 280 bilhões em meados da década de 1990.
Guterres também apelou ao “impulsionamento da resiliência” das economias e sociedades às alterações climáticas através de “Planos de Ação de Calor abrangentes e personalizados, baseados na melhor ciência e dados”.
Ele afirmou que, além do impacto direto que as mudanças climáticas têm sobre as pessoas, elas afetam o planeta como um todo, trazendo “furacões, inundações, secas, incêndios florestais, aumento do nível do mar” cada vez mais violentos, etc.
De acordo com Guterres, todos esses fenômenos são “sintomas” do “vício em combustíveis fósseis”, e a inação climática só os pioraria com o tempo. Ele apelou aos governos, em particular aos países do G20, para entregar planos nacionais de ação climática focados na eliminação gradual dos combustíveis fósseis.
O discurso de Guterres veio um dia depois que o monitor de mudanças climáticas da UE declarou 22 de julho o dia mais quente já registrado. De acordo com o Copernicus Climate Change Service, a temperatura média global do ar na superfície do planeta atingiu 17,15 °C (62,9 °F), a leitura mais alta desde que começou a rastrear esse indicador em 1940.