Need For Speed Hot Pursuit: Remastered – análise

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Atendendo à evolução da série, a um ritmo anual, é quase uma remasterização desnecessária, sem grandes melhorias do original.

Versão testada: PlayStation 4.

Originalmente lançado em 2010, e produto da valiosa colaboração da Criterion com a EA, após um período de desenvolvimento de três anos, Hot Pursuit representou um “reboot” de NFS Hot Pursuit II, lançado oito anos antes. Este segmento da franquia NFS pauta-se pelas perseguições estonteantes da polícia a carros exóticos, num espaço amplo de território, inspirado na grande américa do oeste e marcado por diferentes ambientes. Desde estradas montanhosas, a “highways” desertas, passando por faixas costeiras serpenteantes, não faltam cenários onde se conjuga o desafio da velocidade com a exigência de uma condução atenta mas divertida. Chegar ao topo do ranking não é para qualquer jogador e só depois de vencidos múltiplos e diferentes desafios, com diferentes máquinas, atingimos o nível máximo do que pode ser um condutor fora-da-lei.

O trabalho da Criterion tornou-se, à época, exemplar, por conjugar sensações de grande velocidade com a dimensão arcade da condução e desafios, acompanhados por uma banda sonora a preceito. Tudo conjugado levou-nos a acolher o jogo com uma nota quase máxima, que exprimia precisamente a evolução da série. Mas isso foi há dez anos e a verdade é que desde então assistimos não só a novas entradas, com narrativas e outras estruturas, de maior ou menor qualidade, bem como outras franquias também entraram em cena de forma galopante, nomeadamente Forza Horizon, a vertente arcade do simulador Forza Motorsport.

No ano que assinala 10 anos do lançamento de Hot Pursuit, a EA publica uma versão remasterizada, pela mão dos estúdios Criterion e Stellar Entertainment (estúdio que há pouco tempo nos deu a versão remasterizada de Burnout Paradise). Cumpre referir que esta é a primeira versão remasterizada de um Need For Speed e até se percebe o porquê da escolha de Hot Pursuit. Pelo resultado que atingiu em vendas como pelo conceito.

Mas se à época Hot Pursuit se destacou imediatamente na sua vertente gráfica, a evolução visual desta remasterização não é particularmente evidente. Depois de nos instalarmos no ritmo do jogo, vibrante e intacto na condução original arcade, ainda que sempre com uma boa cadência de fotogramas por segundo, não vislumbramos grandes alterações em termos gráficos, e a sensação que fica é de um jogo da geração anterior. O melhor desta versão é a integração de todos os DLC e o formato multiplayer em cross play, que terá mais relevância no acesso online desde que conhecidos nossos joguem a partir de diferentes plataformas.

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Bastantes carros exóticos, embora seja sentida a ausência da Ferrari.
A perseguir ou perseguido, pé na tábua

O multiplayer ocupa um espaço central, quase em pé de igualdade com o modo carreira, servido pelo autolog, uma funcionalidade que permite até oito jogadores partilharem modos como Race e Hot Pursuit. Porém, o modo carreira é talvez o melhor atractivo para um arranque imediato. A sensação de progressão é rápida, através da colheita de recompensas por via da classificação num dos três primeiros lugares. São desbloqueados novos veículos sempre que alcançamos um novo nível, numa escalada até ao patamar 20, o “most wanted”. A estrutura é bastante simples, embora não linear, assente sempre em diferentes desafios, permitindo transições rápidas entre perseguidor e perseguido. Podemos começar como um fora-da-lei, apto a fazer a vida negra à polícia, e a qualquer altura vestir a farda de polícia e caçar os aceleras, realizando valentes “take downs

Uma vertente curiosa desta caça e/ou fuga é a utilização de recursos ofensivos e defensivos. Se jogamos como acelera podemos tirar partido de algumas soluções colocadas nos carros de molde a dominar as barreiras de polícia e as investidas dos helicópteros. Isto acaba por funcionar bem, servindo de acrescento à condução arcade dos grandes bólides que encontra no drift um facilitador mecanismo de velocidade em curva, enquanto o boost assegura a devolução rápida da velocidade de ponta. Neste particular não temos razões de queixa. Há maquinaria desportiva relevante. Muitos dos grandes desportivos estão presentes e tirar proveito de um bom sistema de condução e velocidade de ponta é especialmente proveitoso, independentemente do carro escolhido.

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A condução é divertida e desafiante, particularmente nos drifts.

A sensação de aderência e derrapagem no asfalto é boa e o sistema dinâmico meteorológico gera bons quadros visuais, sendo também um desafio correr a diferentes horas do dia, especialmente por causa do trânsito. Nunca é grande a intensidade de tráfego, mas é fácil chocarmos de frente, especialmente quando atingimos as velocidades de ponta, bem perto dos 300km/h e quase se torna impossível um desvio atempado quando nos apercebemos de um ponto minúsculo à nossa frente, em rota de colisão. O barulho dos motores chega a ser ensurdecedor e os efeitos causados pelos estampanços são bastante realistas. Sem dúvida, o gozo da condução, rápida e desafiante, é um dos maiores incentivos à longevidade.

Mas e como dissemos atrás, pese embora o atractivo da experiência, especialmente por via da jogabilidade, no resto é uma experiência que advém da geração anterior de consolas, que no sistema de progressão não colhe mudanças e quase todos os melhoramentos se reflectem na camada superficial, nomeadamente os menus e aspectos ligados à apresentação. Vale pela inclusão dos conteúdos adicionais lançados posteriormente num único pack, mas até em termos visuais, exceptuando a adaptação aos modernos ecrãs, percebe-se que estamos diante de um jogo da geração anterior, quando poderia ter recebido mais melhorias. Ainda é um bom jogo, em todo o caso, um bom trabalho da Criterion, mas nesta altura outras opções igualmente válidas, para as actuais consolas, são disponibilizadas a um preço inferior

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