Nova fase da Lava Jato mira suspeitas em operações comerciais da Petrobras

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A Polícia Federal deflagrou hoje a 77ª fase da Operação Lava Jato que mira suspeitas em operações comerciais da Petrobras. Ao todo, sete mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos no Rio de Janeiro (cinco na capital e dois em Niterói).

Os nomes das pessoas investigadas não foram divulgados. De acordo com a investigação conduzida pelo Ministério Público Federal (MPF), pelo menos seis agentes públicos são suspeitos de receber, entre 2005 e 2015, cerca de R$ 12 milhões de propina para beneficiar uma empresa estrangeira em 61 operações de comércio internacional de diesel e querosene de aviação. Elas foram realizadas pelos escritórios da estatal em Londres, Singapura e Houston.

Um dos suspeitos é um funcionário que trabalha até hoje na Petrobras, diretamente na área logística da Diretoria de Abastecimento.

“Ele era responsável, por vezes, em gerar artificialmente demandas que justificassem novas operações comerciais de compra e venda pela Petrobras junto às tradings companies estrangeiras.

Com isso, pagavam-se comissões aos intermediários envolvidos e que, posteriormente, repassavam os valores aos agentes públicos, inclusive para os demais ex-funcionários públicos investigados nesta fase”, diz o comunicado da PF.

A investigação aponta ainda que a esquema incluía o fornecimento de informações privilegiadas sobre a programação de importações e exportações.

“Há indícios de que, ao longo dos anos, os mesmos funcionários da Petrobras também atuaram para favorecer diversas outras empresas, sobretudo estrangeiras, em esquemas de corrupção variados, recebendo em contrapartida cifras milionárias a título de propina”, diz a nota do MPF.

Os investigados responderão pela prática, dentre outros, dos crimes de corrupção passiva, organização criminosa e de lavagem de dinheiro.

Procurada, a Petrobras informou que estava apurando os fatos para poder se manifestar.

Desdobramento de operação de 2018

A operação de hoje é um desdobramento da 57ª fase da Operação Lava Jato, que foi deflagrada em 2018 e investigava a prática de crimes envolvendo a negociação de óleos combustíveis e derivados entre a estatal e trading companies estrangeiras.

Segundo a PF, um ex-funcionário da Petrobras e um ex-executivo de uma empresa estrangeira celebraram acordos de colaboração premiada com o Ministério Público Federal e indicaram as irregularidades investigadas na operação de hoje.

A investigação se baseou também em mensagens de e-mail, conversas por aplicativo, gravações de áudio e extratos bancários.

A operação foi chamada de Sem Limites IV, dando continuidade à nomenclatura utilizada para apurar esquemas de corrupção na área comercial da Petrobras. Outras duas fases da Lava Jato, a 71ª em junho desse ano e 76ª em outubro, também receberam a denominação iniciada com a operação de dezembro de 2018.

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