O que se sabe sobre a PL das Fake News
Os deputados brasileiros podem votar nesta terça-feira um polêmico projeto de lei anti-desinformação que propõe regulamentar as redes sociais que são responsabilizadas e penalizadas por conteúdo ilegal.
O texto, apelidado de “PL das fake news”, tramita no Congresso desde 2020 mas ganhou força depois que invasores, supostamente coordenados por grupos em plataformas digitais com slogans golpistas, invadiram brutalmente o Palácio do Planalto em janeiro. e o Supremo Tribunal Federal (STF).
A questão é particularmente controversa no Brasil, um país onde três quartos de seus mais de 210 milhões de habitantes usam mídias sociais e onde a liberdade de expressão é altamente polarizada. O partido governista afirma que o texto fortalecerá a liberdade de expressão, enquanto a oposição, principalmente o bolsonarismo, diz que será um instrumento de censura.
Plataformas como Google, Twitter ou TikTok também protestaram contra o projeto de lei, que se aprovado terá impacto total sobre eles, já que a partir de então serão responsáveis legalmente pelo conteúdo publicado por terceiros, algo que atualmente não acontece.
penalidades por notícias falsas
Entre outras coisas, eles devem remover o conteúdo ilegal no prazo de 24 horas se o juiz assim determinar, sob pena de multa entre 50.000 reais e um milhão de reais) por hora de descumprimento.
Eles também serão penalizados pela divulgação de notícias falsas a partir de contas automatizadas, amplamente utilizadas em épocas eleitorais, e responsabilizados por qualquer dano causado por conteúdo pago que promova, por exemplo, discurso de ódio.
Além disso, eles são obrigados a tomar medidas contra a desinformação, pagar mídia por conteúdo ou tomar medidas para proteger crianças e jovens da Internet.
De acordo com o texto, a imunidade parlamentar também se estende às redes sociais.
O projeto já havia passado pelo Senado e estava parado há três anos na Câmara dos Deputados. Como foi alterado pelos deputados, se for aprovado agora terá que ser novamente votado pelos senadores.
A expectativa é de que o debate entre os parlamentares seja acalorado. O caso do Telegram da semana passada pode dar uma ideia do que será ouvido na Câmara.
A plataforma foi bloqueada por alguns dias porque as autoridades dizem que ela se recusou a fornecer informações sobre membros de grupos neonazistas supostamente incentivando atos de terrorismo de jovens contra escolas, como o recente ataque a duas escolas no município de Aracruz, que deixou quatro mortos e vários feridos.
O partido governista saudou a medida, enquanto a oposição de Bolsonaro a chamou de aberração.