Oposição sai fortalecida em municípios estratégicos e mira em 2022

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Apesar de a maior parte das prefeituras cearenses terem ficado sob o comando de aliados do grupo governista no Estado, forças de oposição saíram fortalecidas das urnas e elegeram representantes em oito dos 184 municípios cearenses, alguns importantes no cenário político, como Caucaia e Maracanaú. A presença de opositores nesses territórios pode ser estratégica para as eleições gerais de 2022. 

Nos cálculos da área de Relações Institucionais do Governo do Estado, dos 184 prefeitos eleitos, pelo menos 175 são aliados do governador Camilo Santana (PT) – um ainda não está nas contas. Partidos de oposição elegeram gestores em Caucaia, Maracanaú, Juazeiro do Norte, Potengi, Salitre, São Gonçalo do Amarante e Aratuba, além de Paraipaba. 

No entanto, ainda que os prefeitos eleitos nestes municípios pertençam a partidos de oposição, alguns já buscaram o Governo do Estado para uma aliança e já são considerados aliados por interlocutores, como é o caso dos novos gestores de Aratuba e Salitre. 

Por outro lado, entram na relação de opositores do Governo do Estado prefeitos eleitos neste ano de partidos que pertencem à base governista no Ceará, como o de Ipueiras, que é do MDB, e o de Itapajé, que é do PSB. 

arte

Opositores 

O Pros, liderado no Estado pelo deputado federal Capitão Wagner, elegeu três prefeitos: Vitor Valim, em Caucaia, Dodo de Neoclides, em Salitre, e Professor Marcelão, em São Gonçalo do Amarante. Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, é um município-chave, porque representa a terceira maior economia do Estado. 

O Podemos, que pertence ao grupo político do senador Eduardo Girão, aliado de Capitão Wagner, elegeu Glêdson Bezerra para a Prefeitura de Juazeiro do Norte. O vice-prefeito reeleito, Giovanni Sampaio, é do PSD, e aliado do governador Camilo Santana, mas Glêdson deve manter postura de independência e não fazer oposição ferrenha, nem se tornar aliado de primeira hora do grupo governista. 

O Republicanos, presidido no Estado por Ronaldo Martins, vereador eleito de Fortaleza, conseguiu eleger o prefeito Joerly Vitor, em Aratuba, e Ariana Aquino, em Paraipaba. Martins é do mesmo grupo político de Capitão Wagner. O Psol, que faz oposição à esquerda, também elegeu o prefeito Edson Viriato, em Potengi. 

O PSDB, que tem alas divididas entre a oposição e o grupo governista no Estado, elegeu quatro prefeitos no Ceará em 2020, mas somente o de Maracanaú – Roberto Pessoa – faz oposição. Os outros tucanos eleitos, em Cruz, Granjeiro e Tururu, são da base aliada do Governo do Estado. 

Gestões 

O senador Eduardo Girão avalia que o saldo é positivo para a oposição com as eleições municipais deste ano. Ele aposta no desempenho dos prefeitos eleitos do grupo político para que o bloco oposicionista de direita se fortaleça mais, mas evita falar, por enquanto, em planos para o pleito de 2022.

“Tem muita água para passar por debaixo dessa ponte. 2022 é longe e, ao mesmo tempo, é perto. As coisas vão para um curso natural, precisam de um planejamento. Importante que essas prefeituras consigam fazer um bom trabalho. O grande trunfo é o despertar da consciência das pessoas por uma nova prática na política”, afirma. 

Para Capitão Wagner, não houve união da oposição no Ceará nos últimos dez anos. Ele lamenta que lideranças estaduais como o senador Tasso Jereissati, do PSDB, e o ex-senador Eunício Oliveira, do MDB, que o apoiaram no passado, tenham se aproximado do grupo governista nos últimos anos. Passado o pleito, o parlamentar deve se reunir com os prefeitos eleitos do Pros já na semana que vem. 

Capitão Wagner, aliás, teve uma derrota apertada na disputa pela Prefeitura de Fortaleza. Ele somou 48% dos votos válidos, contra 51% do prefeito eleito, Sarto Nogueira (PDT). Diferentemente das eleições de 2016, o deputado não teve o apoio do PSDB e do MDB neste ano. A sigla tucana compôs a coligação de Sarto e o MDB apoiou a candidatura de Heitor Férrer (SD). 

Organização 

Opositores admitem que o grupo vive uma desorganização. Na Assembleia Legislativa, a maioria dos partidos e representantes oposicionistas atuam isoladamente, sem a formação de um bloco. De um lado, está o deputado estadual Heitor Férrer (SD). O partido é da base governista, mas ele faz oposição. O deputado estadual Renato Roseno, do Psol, também não compõe um bloco. 

A bancada do Pros, por sua vez, tem o deputado estadual Soldado Noélio e até então Vitor Valim, que foi eleito prefeito de Caucaia. O suplente Toni Brito (Pros) assume uma cadeira no lugar de Valim a partir de 2021, mas, apesar de ser do partido de Capitão Wagner, os colegas na Casa o consideram mais aliado que opositor, pela sua atuação amena nas discussões. 

O deputado estadual André Fernandes (Republicanos) atua em conjunto com o deputado Delegado Cavalcante (PSL) na oposição. Já na bancada do PSDB, apenas a deputada estadual Fernanda Pessoa está no lado adversário ao Governo do Estado. O colega de partido, deputado estadual Nelinho de Freitas, tem uma posição ambígua no Legislativo. No primeiro turno do pleito na Capital, por exemplo, esteve presente na campanha de Capitão Wagner. Depois, no segundo turno, passou a apoiar Sarto. 

Na Câmara Municipal de Fortaleza, a coligação de Capitão Wagner elegeu 12 vereadores para a próxima legislatura, número de opositores maior do que os que foram eleitos em 2016. Atualmente, a bancada oposicionista detém sete das 43 cadeiras no Legislativo Municipal.

Mesmo ainda em menor número, a deputada estadual Fernanda Pessoa também considera que a oposição sai fortalecida das eleições municipais no Ceará e aponta a divisão nos votos em Fortaleza como sinal de que está viva. 

“Acredito que temos que nos organizar melhor, unir a força de oposição e pessoas insatisfeitas da base aliada que possam caminhar junto conosco para que a gente possa ter um foco na eleição de 2022, para que a gente possa movimentar o Estado em prol da população”, defende. 

Partidos com mais prefeitos eleitos 

PDT: 67 prefeitos

PSD: 27 prefeitos

PT: 18 prefeitos

MDB: 17 prefeitos

PL: 13 prefeitos

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