PF convoca diretor da Abin para esclarecimentos sobre espionagem
A Polícia Federal convocou o atual diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, para depor sobre a investigação que apura a possível existência de uma estrutura de espionagem ilegal dentro do órgão durante o governo de Jair Bolsonaro.
O depoimento está marcado para esta quinta-feira. A investigação, que deve ser concluída ainda neste mês, busca esclarecer se a Abin foi utilizada para espionar e atacar adversários políticos de Bolsonaro. O ponto de partida para a investigação foi a revelação, pelo jornal O GLOBO, do uso do programa FirstMile, que permitia o rastreamento de celulares sem autorização judicial.
Além do FirstMile, a PF descobriu o uso de outros programas, como o Cobalt Strike, usado para espionar autoridades paraguaias, e o LTE Sniffer, que estava sendo avaliado para monitorar embaixadas estrangeiras.
Um agente da Abin, em depoimento à PF, afirmou que o uso do Cobalt Strike para espionar autoridades paraguaias foi autorizado tanto pelo ex-diretor da Abin, na gestão Bolsonaro, quanto pelo atual diretor, Luiz Fernando Corrêa.
O Itamaraty confirmou a autorização da ação em 2022, durante o governo Bolsonaro, e sua suspensão em 2023, no início do governo Lula.
O LTE Sniffer, por sua vez, é um programa de código aberto que permite monitorar o tráfego de redes celulares. A Abin estudava utilizá-lo para rastrear sinais em embaixadas estrangeiras.
O ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, atualmente deputado federal, é um dos principais alvos da investigação. A PF encontrou indícios de que Ramagem comandava um “núcleo de inteligência paralela” dentro da Abin, com o objetivo de manter Bolsonaro no poder. Documentos encontrados em um e-mail de Ramagem indicam que ele orientava o então presidente a atacar a credibilidade das urnas e adotar uma postura mais agressiva contra seus opositores. Ramagem nega as acusações.
