PGR denuncia Gladson Cameli governador do Acre e pede seu afastamento
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Superior Tribunal de Justiça a destituição imediata do governador do Acre, Gladson Cameli (PP), do cargo.
O pedido faz parte da denúncia oferecida na terça-feira (28) pela PGR contra Camelli e outras 12 pessoas pelos crimes de peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A decisão caberá à ministra Nancy Andrighi.
Cameli se encontra em Dubai como parte da delegação do governo do Acre à COP 28.
No documento de 175 páginas, o sub-procurador-geral da República Carlos Frederico Santos afirma que Gladson Cameli comanda um esquema de fraudes em licitações desde 2019.
A PGR aponta fraudes ou direcionamentos em pelo menos oito acordos assinados pelo governo do Acre nos últimos anos. O prejuízo estimado é de 150 milhões de reais.
PGR afirma que o esquema começou operar em 2019, quando o governo do Acre assinou um contrato de manutenção predial com uma empresa de engenharia no valor de R$ 24,3 milhões.
De acordo com a denúncia, “um dia após celebrar contrato milionário com o Estado do Acre, a empresa sem qualquer know-how específico da localidade de execução dos serviços, contratou indiretamente e de forma velada a empresa do irmão do governador, a qual igualmente não possuía atividade no Estado do Acre e passou a receber vantagens advindas da execução do pacto com o governo estadual”.
A PGR afirma que “as evidências são claras de que Gledson Cameli, irmão do Governador, conhecia a empresa e realizou com seus sócios e os demais coautores um pacto para dividir a execução e os lucros decorrentes do contrato”.
Pelo menos R$ 4,4 milhões teriam sido repassados às empresas controladas direta ou indiretamente pelo irmão do governador, segundo a PGR.
A denúncia indica que, a partir do direcionamento deste contrato, houve um sobrepreço R$ 8,8 milhões e um superfaturamento de R$ 2,9 milhões. A PGR destaca a participação de outros agentes públicos no esquema, entre eles o secretário de Infraestrutura, Thiago Rodrigues Gonçalves Caetano.
Durante a investigação, a PGR identificou nove transferências de valores entre a construtora contratada pelo governo do Acre e a empresa do irmão do governador, totalizando R$ 1,6 milhão. A denúncia diz ser “inegável o desvio dos recursos públicos, os quais deveriam ser empregados na execução das obras, mas foram desviados em favor de familiares do Governador do Estado”.
A PGR afirma que o dinheiro desviado beneficiou diretamente o governador do Acre e parentes dele. Segundo a Procuradoria, as empresas investigadas pagaram parcelas do financiamento de apartamento de luxo Gladson Cameli, em São Paulo, parcelas do financiamento de um carro de luxo dele e propina para Eládio Messias Cameli Júnior, irmão do governador.