Polícia Federal diz que Bolsonaro planejou, atuou e liderou ações para o golpe de Estado
Uma investigação da Polícia Federal (PF) do Brasil revelou que o ex-presidente daquele país Jair Bolsonaro “teve pleno conhecimento” e “participou ativamente” do planejamento do golpe de Estado que seria tentado contra o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, após as eleições de 2022.
Nesta terça-feira, o juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre De Moraes desclassificou o boletim de ocorrência que detalha as ações para promover a tentativa de golpe e no qual a PF acusa Bolsonaro e outras 36 pessoas dessas ações, informa a Agência Brasil .
“As provas obtidas ao longo da investigação demonstram de forma inequívoca que o então Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, planejou, agiu e teve controle direto e efetivo dos atos executivos praticados pela organização criminosa que tinha por objetivo realizar um crime golpe de Estado e a abolição do Estado Democrático de Direito, evento que não foi concretizado por circunstâncias alheias ao seu controle”, diz o relatório da PF.
Da mesma forma, segundo o documento, consta que o ex-presidente sabia do chamado ‘Punhal Verde e Amarelo’, plano elaborado pelos acusados para sequestrar ou assassinar De Moraes, Lula e o vice presidente, Geraldo Alckmin.
“Há nos autos evidências relevantes e sólidas que demonstram que o planejamento e o andamento dos acontecimentos foram relatados a Jair Bolsonaro , diretamente ou por meio do (ex-assessor-de-campo presidencial) Mauro Cid”, acrescenta o relatório.
Aponta ainda que as evidências colhidas, como os registros de entrada e saída de visitantes do Palácio da Alvorada – residência oficial do presidente do Brasil -, diálogos entre interlocutores do núcleo imediato de Bolsonaro, datas e locais de reuniões, que indicam que o ex-presidente, além de conhecer o plano ‘Punhal Verde e Amarelo’, também tinha conhecimento das ações clandestinas realizadas sob o codinome ‘Copa 2022’.
Em sua investigação, a PF conclui que o golpe de Estado não ocorreu porque o alto comando das Forças Armadas não se juntou aos golpistas .
“Destaca-se a resistência dos comandantes da Aeronáutica, Tenente Brigadeiro Baptista Junior, e do Exército, General Freire Gomes e da maioria do alto comando, que se mantiveram fiéis à defesa do Estado Democrático de Direito, não cedendo armas apoio a que o então presidente da República deu o golpe de Estado”, refere o relatório.
Acusação formal
Na quinta-feira da semana passada, a PF apresentou sua denúncia formal contra Bolsonaro, por sua suposta responsabilidade na tentativa de golpe contra Lula.
Além do ex-presidente, a Justiça cobrou os generais Walter Braga Netto, ex-companheiro de chapa de Bolsonaro e ex-ministro da Casa Civil e da Defesa; Augusto Heleno, ex-Ministro do Gabinete de Segurança Institucional; o delegado Alexandre Ramagem, ex-presidente da Agência Brasileira de Inteligência, e Valdemar da Costa Neto, presidente do Partido Liberal, formação política do ex-governante de direita.
Após a acusação, Bolsonaro comentou : “ O ministro Alexandre de Moraes faz toda a investigação, ajusta depoimentos, prende sem reclamar, pesca provas e tem assessores muito criativos .
Da mesma forma, na segunda-feira negou à imprensa qualquer tipo de envolvimento com trama golpista. “Nunca falei sobre golpe de Estado com ninguém. Se alguém viesse falar comigo sobre golpe de Estado, eu perguntaria: ‘E depois de amanhã? Como estamos diante do mundo?'” ele expressou e a resposta foi que “”O dia seguinte a um possível golpe traria tantas dificuldades” para o Brasil , então ele nem cogitou essa hipótese.
“Eu nunca faria nada fora das quatro linhas da Constituição. Tudo pode ser resolvido nas quatro linhas ”, acrescentou.