Polónia quer bombas nucleares dos EUA em meio a ameaça da Rússia
Varsóvia está pedindo à OTAN para incluí-la no Programa de Partilha Nuclear do bloco, disse o primeiro-ministro Mateus Morawiecki a jornalistas em Bruxelas na sexta-feira. O programa permite a implantação de bombas nucleares dos EUA no território de outras nações.
Morawiecki chamou o apelo da Polônia de uma resposta à decisão de Moscou de estacionar suas armas nucleares táticas na vizinha Bielo-Rússia. “Devido ao fato de que a Rússia pretende implantar armas nucleares táticas na Bielorrússia, estamos… apelando à… OTAN para [nos permitir] participar do Programa de Compartilhamento Nuclear”, disse o primeiro-ministro.
A decisão final sobre o assunto caberia a Washington, disse Morawiecki, mas acrescentou que Varsóvia procurou “agir rapidamente a esse respeito”. A Polônia “não quer ficar de braços cruzados”, explicou ele, enquanto acusava o presidente russo, Vladimir Putin, de aumentar “todo tipo de ameaça”.
Lançado em 2009, o Programa de Compartilhamento Nuclear da OTAN viu as bombas nucleares B-61 dos EUA serem implantadas em vários locais da Europa, inclusive na Bélgica,
Algumas nações parecem lamentar permitir as implantações. Em 2010, os legisladores alemães tomaram uma decisão sobre a retirada das armas nucleares americanas da Alemanha, mas as armas permaneceram no local. Em abril de 2023, Sevim Dagdelen, vice-chefe do partido Esquerda no Bundestag, exigiu a retirada das tropas americanas da Alemanha, juntamente com as armas nucleares americanas.
Moscou e Minsk assinaram um tratado sobre a Bielorrússia sediar armas nucleares táticas russas em maio. As ogivas atômicas serão montadas em mísseis Iskander-M e caças especificamente modificados para esse fim, disse o ministro da Defesa russo, Sergey Shoigu, na época.
Moscou apontou o Programa de Compartilhamento Nuclear da OTAN como sua própria justificativa para a mudança. Estima-se que 150 bombas atômicas americanas foram implantadas em várias nações da OTAN no continente europeu em abril de 2022.