Por que os globalistas estão preocupados com a volta de Donald Trump à Casa Branca?
O retorno do presidente Donald Trump à Casa Branca em janeiro de 2025 desencadeou ondas de preocupação e recalibrações estratégicas entre líderes de organizações globalistas e as próprias Nações Unidas. A postura antiglobalista de Trump, já bem conhecida desde seu primeiro mandato, deve impactar a direção das relações internacionais, com líderes da ONU e figuras de proa globalistas ponderando como navegar o que poderia ser uma mudança fundamental para longe da cooperação multinacional e da governança global centralizada.
A resposta preocupada da ONU
Durante o mandato inicial de Trump, a ONU testemunhou cortes acentuados no financiamento e apoio dos EUA. Em 2018, a administração de Trump retirou mais de US$ 25 milhões em financiamento dos EUA, visando programas como o Conselho de Direitos Humanos da ONU. por suas políticas tendenciosas.
O engajamento iminente da administração gerou desconforto dentro da ONU, uma organização amplamente dependente do apoio dos EUA. Atualmente, os contribuintes americanos contribuem com aproximadamente um terço do orçamento da ONU, pagando US$ 18,1 bilhões em 2022 — um aumento em relação aos US$ 11,6 bilhões pagos em 2020 sob o presidente Biden. Comparativamente, a Alemanha, um dos próximos maiores contribuintes, paga cerca de US$ 6,8 bilhões, enquanto o Japão contribui com cerca de US$ 2,7 bilhões.
Muitos conservadores argumentam que a ONU, criada em 1945 com nobres aspirações de evitar guerras mundiais, evoluiu desde então para uma entidade excessivamente burocrática, propensa à ineficiência e aos ideais globalistas. Os conservadores dos EUA são particularmente cautelosos com a influência da ONU na formulação de políticas americanas, vendo-a como uma ameaça potencial à soberania nacional. Eles argumentam que a pressão esperada de Trump sobre a ONU para demonstrar “responsabilidade, eficiência e eficácia” já passou da hora. Hugh Dugan, um delegado da ONU sob Trump, alega que a organização tem estado “sonâmbula” nos últimos anos, evitando a responsabilidade com o escrutínio limitado dos EUA.
Globalistas e suas recalibração
A resposta de líderes internacionais se estende além da ONU Figuras como Yuval Harari, do Fórum Econômico Mundial (WEF), expressaram apreensão total. Em uma entrevista pouco antes da eleição de 2024, Harari chamou a vitória de Trump de um “golpe mortal” para a nova ordem global. Ele alertou que o nacionalismo de Trump representa uma ameaça existencial ao globalismo e afirmou que os líderes que pressionam pelo nacionalismo frequentemente apresentam uma “falsa dicotomia” entre patriotismo e cooperação global. As observações de Harari ressaltam a divisão ideológica entre as visões globalistas e a onda de nacionalismo que varre muitos países ocidentais.
O WEF, um dos principais proponentes da “governança global”, tem enfrentado crescente ceticismo, particularmente entre os americanos conservadores que veem os objetivos da organização como antitéticos à independência americana. O mandato anterior de Trump viu uma estratégia “America First” que minimizou significativamente a influência de organizações como o WEF, que são frequentemente acusadas de promover políticas climáticas e econômicas que limitam a tomada de decisões nacionais. Críticos na esfera conservadora argumentam que um segundo mandato de Trump representaria um golpe necessário nas tentativas do Fórum Econômico Mundial de influenciar os padrões econômicos e ambientais globais, que eles argumentam infringir a soberania nacional.
Implicações da NATO e da Segurança Europeia
Preocupações também estão aumentando dentro da OTAN. Aliados europeus, particularmente na França e na Alemanha, se preocupam com o futuro da aliança caso Trump reavalie os compromissos americanos com a organização. Durante seu primeiro mandato, Trump enfatizou que os estados-membros da OTAN devem contribuir mais para seus próprios orçamentos de defesa, castigando as nações europeias por dependerem muito dos gastos militares americanos. Isso levou a temores de que a reeleição de Trump poderia deixar a OTAN paralisada, especialmente porque poucos países europeus aumentaram os gastos com defesa para os níveis sugeridos por Trump.
De acordo com o Wall Street Journal, a potencial retirada do apoio dos EUA para membros “delinquentes” da OTAN poderia forçar as nações europeias a reconsiderar suas próprias estratégias de defesa. Bruno Tertrais, vice-diretor da Fundação para Pesquisa Estratégica da França, alertou que “na ausência da liderança dos EUA, a OTAN poderia ficar paralisada”. Uma União Europeia menos dependente do apoio militar dos EUA poderia levar a uma maior autonomia — mas também abre o continente para pressões geopolíticas de uma China e Rússia cada vez mais assertivas, ambas as quais podem ver o enfraquecimento da OTAN como uma oportunidade.
A Batalha Entre o Nacionalismo e o Globalismo
A reeleição de Trump pode simbolizar uma batalha mais ampla entre o nacionalismo e o globalismo, uma tendência que encontrou apoiadores em outros líderes, como Viktor Orbán, da Hungria, Mateusz Morawiecki, da Polônia, e Giorgia Meloni, da Itália. Esses líderes adotaram políticas que colocam os interesses de suas nações acima das organizações transnacionais, muitas vezes entrando em conflito com a liderança da União Europeia sobre políticas de imigração, econômicas e de segurança. Para muitos na base conservadora de Trump, essa tendência é um farol de esperança de que a soberania nacional pode prevalecer sobre políticas globalistas que podem diluir costumes, leis e identidades locais.A divisão também levanta questões sobre o futuro da governança global. Conservadores argumentam que políticas defendidas pela ONU, WEF e outras organizações globais frequentemente infringem os direitos de nações individuais de determinar seus próprios caminhos. Políticas como mandatos climáticos internacionais, IDs digitais globais e regulamentações econômicas transnacionais são vistas por muitos como exagero, uma forma de controle que mina a liberdade e a autonomia.
O caminho a seguir para a política externa dos EUA
O retorno de Trump coloca a política externa dos Estados Unidos em uma encruzilhada. A ONU e outras entidades globalistas devem agora lidar com a realidade de que a América de Trump pode mais uma vez estar comprometida em priorizar a soberania nacional sobre acordos multinacionais. Alguns argumentam que essa abordagem pode inspirar outras nações a se manterem por conta própria e resistirem à dependência de órgãos governamentais globais que podem nem sempre agir em seus melhores interesses.