Porto Alegre tem aumento de casos de Covid- 19 em bairros da periferia
Capital tem mais de 1,02 mil mortes e quase 33,3 mil casos de Covid-19. Sarandi, Partenon e Lomba do Pinheiro são os bairros com mais casos.
Em mais de seis meses de pandemia no Rio Grande do Sul, Porto Alegre tem mais de 1,02 mil mortes e quase 33,3 mil casos de coronavírus. A contaminação, que iniciou nos bairros centrais, aos poucos se espalhou entre a periferia da Capital.
O Sarandi, na Zona Norte, o bairro mais populoso com quase 60 mil moradores, tem 1.267 casos confirmados da doença. Porém, até junho, havia apenas 49 registros.
Na época, a Covid-19 estava mais presente em bairros centrais, como o Petrópolis, com 98 casos, o Centro Histórico, com 60, e o Rio Branco, com 54.
“As pessoas que trabalham no centro, pessoas que trabalham em bairros de classe média ou classe alta podem estar levando para os seus bairros, seja no comércio, na indústria. Até mesmo profissionais de saúde. Esses fluxos das pessoas na cidade fizeram com que a gente tivesse uma mudança nessa distribuição do vírus na cidade”, explica a gerente da unidade de Vigilância Epidemiológica de Poro Alegre Juliana Maciel Pinto.
Atualmente, além do Sarandi, Partenon e Lomba do Pinheiro são os bairros com mais casos. O Petrópolis é o 6º com mais casos, em torno de 900. De acordo com o Observatório de Vigilância em Saúde, o avanço foi mais rápido quando chegou nos bairros periféricos.
“Geralmente são mais de cinco pessoas que residem no mesmo domicílio. Isso facilita a disseminação. Outra questão também são os cuidados com a saúde de maneira geral. Vamos dizer que as comidas mais saudáveis elas são mais caras. Então, a população que mora mais na periferia, de baixa renda, tem uma alimentação menos saudável, maior incidência de diabetes, pressão alta, obesidade, que são fatores também que facilitam uma pior evolução da Covid, que leva a um maior número de hospitalização”, justifica André Dal Bó, membro da Sociedade Rio-Grandense de Infectologia.
Outros bairros se destacam por ter poucos casos da doença. No Extrema, na Zona Sul, entre quase 2 mil moradores, apenas oito registros foram contabilizados. Já o Farroupilha, com metade da população, teve 19. Ainda assim, o alerta dos especialistas é o mesmo.
“Se eu moro numa região com baixa densidade populacional, onde não tem um número expressivo de casos, não significa que eu vou sair de casa sem máscara, que eu vou me reunir com a minha vizinha na pracinha. Porque eu posso estar indo no bairro vizinho ou no centro da cidade, tenho que fazer uma consulta médica, e eu posso estar trazendo o vírus para o meu domicílio. É uma reponsabilidade individual que se reflete no coletivo”, diz Andréa.
A dona de casa Nair Botona planta flores no canteiro da rua. Mas não se descuida em deixar a casa sem máscara.
“Eu tinha contratado um rapazinho para me ajudar e disse para vir de máscara, porque da outra vez veio sem. Não é porque está diminuindo a coisa que estamos livres”, afirma.