Protestos estouram em Lima os manifestantes pedem a renuncia do presidente; mortes no Peru chegam a 49

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Protestos contra o governo da presidente peruana Dina Boluarte somaram nesta quinta-feira uma nova morte no sul do país, uma adolescente de 16 anos. Chegaram a 49 mortes desde a apreensão iniciada em dezembro, depois que o Congresso demitiu o presidente Pedro Castillo por tentar dissolver esse poder estatal para impedir seu afastamento.

A última vítima foi identificada com as iniciais BAJ, de 16 anos, e morreu na região sul de Puno, segundo informou a Ouvidoria desta quinta-feira ao meio-dia.

Familiares disseram que ele estava internado há dois dias em estado crítico por ter uma bala cravada no cérebro, em transmissão ao site do jornal peruano La República.

Com esta morte, sobe para 19 o número de mortes durante os protestos em Puno, onde já havia sido registrado na segunda-feira o dia mais mortífero da convulsão no país andino, que incluiu a morte de um policial queimado em sua viatura após ser atacado por um grupo de manifestantes.

A Defensoria do Povo informou na quinta-feira que houve mobilizações, greves e bloqueios de estradas em 35 províncias, a maioria delas na região sul do país.

Além disso, registrou 80 pontos de bloqueio em estradas nacionais e um cerco de manifestantes a um shopping center na cidade de Arequipa, em outra região do sul com o mesmo nome.

Em Lima, centenas marcharam pelo centro da cidade exigindo a renúncia de Boluarte e o fechamento do Congresso. Alguns pediram a libertação de Castillo, que permanece na prisão.

Os governadores regionais de Puno, Cusco e Apurímac pediram a renúncia do presidente como medida necessária para apaziguar as manifestações no país.

Em Cusco, um grupo de manifestantes tentou incendiar a sede da Inspetoria Geral da Polícia Nacional naquela região. Eles jogaram combustível e atearam fogo. A polícia conseguiu dispersá-los e apagar o incêndio que havia começado na porta do local.

Em Puno, uma delegação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos chegou para colher informações sobre os protestos e a crise social, como parte de sua visita oficial que havia começado no dia anterior com reuniões com Baluarte e posteriormente com outras autoridades. A CIDH também esteve no Peru em novembro, a pedido de Pedro Castillo, quando ainda era presidente, para enfrentar a crise de instabilidade política do governo do ex-presidente afastado em dezembro.

Em Apurímac, outra região do sul, um grupo de moradores protestou na entrada da mina Las Bambas.

Os protestos – que pedem a antecipação das eleições gerais, a renúncia de Boluarte e o fechamento do Congresso – ganharam novo fôlego nesta semana, após terem sido retomados na última quarta-feira, após uma trégua parcial nas férias de final de ano. Com a remoção de Castillo, a instabilidade política no Peru já levou cinco presidentes em seis anos.

Entre os manifestantes que pedem a renúncia do presidente, o fechamento do Congresso e novas eleições, há quem também exija que Castillo, o antecessor de Boluarte que foi deposto e permaneça em prisão preventiva por oito meses enquanto é investigado por suposta rebelião.

Boluarte assumiu o governo depois que Castillo, que era presidente desde 2021, foi destituído pelo Congresso após tentar dissolver esse poder estatal com uma mensagem de televisão em 7 de dezembro. A atual presidente foi vice-presidente e foi eleita na mesma lista de seu antecessor. O Parlamento a empossou no mesmo dia da demissão de Castillo como seu sucessor constitucional.

Castillo foi preso quando estava em um veículo com sua comitiva em uma avenida no centro de Lima. Segundo o Ministério Público, ele se dirigia à embaixada mexicana para pedir asilo político.

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