Retorno de sessões presenciais na Câmara é marcado por embates

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Depois de quase cinco meses afastados do plenário da Câmara Municipal de Fortaleza, os vereadores da Capital compareceram em peso, ontem, à sessão de retorno das atividades presenciais da Casa. Dos 43 parlamentares, 41 participaram. Desses, 22 puderam permanecer no plenário e o restante esteve presente de maneira remota, com acesso a partir de seus gabinetes ou de suas residências. A volta ao plenário foi marcada por embates políticos entre parlamentares de base e oposição, uma pequena amostra de como deve ser o período eleitoral.

Parlamentares negam que haja cunho eleitoral nos discursos, mas dizem que não vão abrir mão do espaço para apresentar seus pleitos e fiscalizar a gestão. Alguns argumentam que as sessões presenciais serão importantes para fazer críticas, cobranças e pleitear melhorias para suas bases. O presidente da Casa, vereador Antônio Henrique (PDT), assegurou, porém, que a orientação a todos os colegas é deixar a disputa eleitoral longe da tribuna.

“Nós temos um compromisso com a população até 31 de dezembro”, lembrou. O argumento, inclusive, é usado como justificativa para os acirramentos. A oposição alega fiscalização sobre o Executivo. Já a base diz que o interesse dos adversários é criar polêmicas.

Debates

Apesar da orientação do presidente, os embates, ontem, começaram após o vereador de oposição Márcio Martins (Pros) fazer acusações ao prefeito Roberto Cláudio (PDT), mencionando áudio vazado em que uma voz, atribuída ao deputado estadual Bruno Gonçalves (PL), trata com um suplente e pré-candidato a vereador sobre supostos acordos financeiros em troca de apoio político.

Parlamentares da base do prefeito saíram em defesa dele, afirmando que o deputado não representa Roberto Cláudio para falar em seu nome. O líder do PDT na Casa, vereador Adail Júnior, foi um dos que entraram no embate, devolvendo questionamentos aos oposicionistas. Os debates seguiram com outros parlamentares se revezando no uso da tribuna.

Participação do gestor

A retomada dos trabalhos presenciais contou, ainda, com a participação virtual do prefeito Roberto Cláudio, que agradeceu aos vereadores pelo apoio no enfrentamento à Covid-19 e disse que o próximo gestor de Fortaleza terá cerca de R$ 800 milhões para investimentos em caixa ao assumir a Prefeitura da Capital.

O chefe do Executivo municipal também não perdeu a oportunidade de alfinetar os adversários. “Suspeitem da arrogância daqueles que não são capazes de dialogar. Muitas vezes causa indignação para aqueles que têm honra, receber pelo caminho da maldade, da fake news, uma crítica injusta”, afirmou.

Apesar das restrições para manter o distanciamento social, com marcações no chão e retiradas de assentos, pequenas aglomerações foram registradas no plenário e nos corredores da Câmara entre alguns parlamentares. Após um puxão de orelha da Mesa Diretora, os grupos se dispersaram. Para dar segurança ao retorno dos trabalhos, o Legislativo adotou uma série de medidas de segurança sanitária.

Entre elas, estão: sanitização de todo o prédio da Câmara, incluindo plenário e gabinetes; distribuição de pontos de álcool em gel por toda a Casa; sinalizações para manter o distanciamento social; além de testagem da Covid-19 em servidores, vereadores e em profissionais da imprensa responsáveis por fazer as coberturas no local. Só estava autorizado a entrar quem recebeu diagnóstico negativo para a doença.

Disputas por projeto

Mais uma vez, vereadores também disputaram em plenário a autoria de projetos. Evaldo Lima (PCdoB) apresentou uma matéria com medidas de enfrentamento à Covid-19, quando a vereadora Cláudia Gomes (DEM) já tinha apresentado uma semelhante em maio. A medida foi retirada de  pauta para que as duas propostas tramitem juntas nas comissões.

Reivindicações

Vereadores também usaram o plenário para fazer reivindicações para classes ou bairros que  compõem o seu eleitorado. Desde autorização para o retorno de  escolas particulares a medidas para o retorno do setor de eventos foram discutidas. Nos corredores da Casa, parlamentares também conversavam sobre votos e faziam contas para reeleição.

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