Varíola dos macacos pode ser transmitida por contato com superfícies contaminadas, diz estudo
Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) relatam a possibilidade de transmissão da varíola dos macacos via superfícies, em estudo que será publicado na edição de dezembro da revista científica Emerging Infectius Diseases. No trabalho, eles relatam o caso de duas enfermeiras que desenvolveram a doença cinco dias após atender um paciente em casa para coleta de material e diagnóstico de monkeypox.
As profissionais de saúde utilizaram todo o equipamento de proteção recomendado – exceto as luvas – enquanto estavam no período inicial de entrevista, no quarto do paciente. Esse item só foi colocado no momento da coleta, após elas esterilizarem as mãos.
Os autores concluíram que as enfermeiras podem ter se contaminado pelo contato com superfícies infectadas na casa do paciente, que se encontrava no pico de transmissão viral. A outra possibilidade é a infecção ter acontecido ao manusear a caixa de transporte das amostras.
Diante desse relato, a equipe alerta para necessidade da adoção de melhores práticas ao lidar com pacientes infectados com monkeypox. Os autores recomendam treinamento específico para essa coleta, implementação de medidas de controle, higienização frequente das mãos e utilização correta de equipamentos de proteção individual (EPIs).
As luvas, por exemplo, devem ser usadas durante todo o período de visita a pacientes, contato com pessoas suspeitas de estarem infectadas e com seu ambiente/objetos de uso pessoal. Além disso, antes e depois da interação com casos suspeitos, deve ser feita a higienização das superfícies com desinfetante efetivo contra outros patógenos (como norovírus, rotavírus e adenovírus). Outra medida apontada pelos autores para prevenção de casos como esse é a vacinação dos grupos de alto risco, incluindo os profissionais de saúde que atuam na linha de frente dessa doença.
“Trazer à luz esse evento de transmissão por meio de superfície é importante para aprimorar as recomendações públicas voltadas para a proteção tanto dos profissionais de saúde que lidam diretamente com esses pacientes, como dos familiares e outras pessoas envolvidas nesse cuidado”, explica o pesquisador Gabriel Wallau, da Fiocruz Pernambuco.
Também participaram do trabalho pesquisadores do Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul (Cevs/SES-RS), cientistas de três universidades gaúchas e do Instituto para Medicina Tropical Bernhard Nocht – Centro de Referência Nacional para Doenças Infecciosas Tropicais, de Hamburgo (Alemanha).