Veja trechos do depoimento de Paulo Marinho no inquérito que apura se operação da PF vazou

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O Jornal Nacional teve acesso ao vídeo do depoimento do empresário Paulo Marinho no inquérito que investiga o suposto vazamento da Operação da Polícia Federal que atingiu Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Empresário e apoiador da campanha de Jair Bolsonaro em 2018, Paulo Marinho prestou depoimento no dia 21 de maio ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro. Falou sobre o vazamento da Operação Furna da Onça, que atingiu Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro. Em 18 de junho, Queiroz foi preso pela Polícia Federal em uma casa do advogado Frederick Wassef em Atibaia, no interior de São Paulo.

O Jornal Nacional teve acesso com exclusividade ao depoimento, gravado em vídeo. Nele, Marinho, que é suplente do senador Flavio Bolsonaro, fala de uma reunião no dia 13 de dezembro de 2018, na casa do empresário. E reproduz o que ouviu de Victor Granado, amigo de infância de Flavio, sobre a dinâmica para receber informações vazadas de um delegado da PF. Disse que a primeira tentativa se deu por telefone.

Paulo Marinho afirmou que Flavio Bolsonaro escolheu três pessoas que trabalharam com ele para pegar a informação com um delegado da PF: Victor Granado, amigo de Flavio; Valdenice Meliga, ex-assessora; e Miguel Ângelo Braga, atual chefe de gabinete de Flavio.

“O Braga fala com o Flavio, o Flavio designa então que o Braga, o Victor e a Val fossem ao encontro dessa pessoa para saber do que se tratava. E aí fizeram contato e marcaram um encontro na porta da Polícia Federal. Este suposto delegado disse aos três ou disse ao braga: ‘Vocês, quando chegarem, me telefonem que eu vou sair de dentro da Superintendência, até para você ver que sou um policial que estou lá dentro, e lá fora a gente conversa'”, afirmou Marinho.

O empresário disse que Victor, então, conta que o delegado antecipou a Operação Furna da Onça. E vazou outra informação: que a operação não seria deflagrada no mês da eleição de 2018 para não atrapalhar.

“E aí esse delegado disse a eles: ‘Essa operação vai alcançar o Queiroz e a filha dele. Estão no seu gabinete e no gabinete do seu pai. Tem movimentação bancária e financeira suspeita. E nós estamos aqui… eu estou… eu sou simpatizante do seu pai, do Bolsonaro, e vamos tentar não fazer essa operação agora entre o primeiro e o segundo turno para não criar nenhum embaraço durante a campanha'”, relatou Marinho.

“Como disse que a operação não iria acontecer para não criar nenhuma dificuldade, eventualmente, pela narrativa que a operação ia trazer, pela presença do Queiroz e da filha”, acrescentou o empresário.

“Porque logo após o encontro, Queiroz e filha são demitidos, tá certo? Então, Flávio deve ter informado ao pai, e o pai, imediatamente, mandou demitir”, completou Marinho.

Em outro momento, o empresário contou que Victor Granado, amigo de Flavio, relatou que obrigou Fabrício Queiroz a passar as senhas do banco após saber que ele seria mencionado na Operação Furna da Onça.

“Aí o Victor começou o relato. Disse: ‘Olha, eu ontem estive com o Queiroz e eu obriguei o Queiroz a me repassar todas as senhas das contas bancárias dele, e eu passei essa madrugada toda entrando nas contas do Queiroz e os montantes que eu descobri, informei agora de manhã para o Flavio, são muito superiores a esses que a imprensa está noticiando. Inclusive, porque esses se referem a anos anteriores a esses que a imprensa está noticiando'”, disse Marinho.

“Quando ele relata que deu, que teve acesso a contas do Queiroz e que ficou estarrecido porque os valores eram muito superiores”, diz Marinho.

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